O tombamento de algumas das fazendas, anunciado pela coluna de Ancelmo Gois anteontem, foi iniciativa dos próprios proprietários. A atitude dos donos, que vai garantir a preservação de parte da história do Século XIX, chamou a atenção do diretor do Inepac, Marcus Monteiro: — O movimento contra é geralmente enorme. Todo mundo é a favor da preservação desde que não seja da sua propriedade.
É bom este movimento de se valorizar o interesse coletivo, e não o individual.
Metade das fazendas em vias de tombamento entrou na lista após um inventário concluído pelo Inepac em julho. Foram catalogadas 100 propriedades que resguardam o patrimônio do Ciclo do Café, cujo auge foi em 1920, quando o grão chegou a representar 70% das exportações brasileiras.
A maioria dessas fazendas está hoje associada ao Instituto Preservale, organização voltada para a preservação do patrimônio cultural, histórico e ambiental do Vale do Paraíba.
— Aqui temos uma arquitetura rica pela então proximidade com a Corte. Os barões do café tinham sempre a expectativa de receber o imperador — conta Paulo Roberto dos Santos, presidente do Preservale.
O grupo e o Inepac apostam no tombamento como estratégia para a captação de recursos.
Parte das fazendas do local é mantida hoje graças à atividade turística.
No Centro de Petrópolis, a iniciativa de tombar sete imóveis, que foi antecipada pela coluna Gente Boa de ontem, partiu do Inepac. Preocupado com autorizações dadas pela prefeitura para demolições na área, Monteiro decidiu agir.
— Há pouco tempo houve uma polêmica em relação à construção de um supermercado no centro de Petrópolis. Para que isso não aconteça outra vez resolvemos tombar — disse.
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