Produtor do Humaitá pra Peixe diz que falta ousadia aos artistas.
sábado, 3 de janeiro de 2009
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A festa de debutante do Humaitá pra Peixe é temática. A 15ª edição do festival movimenta a cidade da próxima sexta-feira até o fim do mês, tendo em artistas pernambucanos o núcleo base. O mar está mais para caranguejo. Comadre Fulozinha, Junio Barreto, Vitor Araújo e 3namassa estão na escalação para provar que há vida criativa no pop de Recife após o esmaecimento do mangue beat, gênero que na década de 90 mesclou o rock e a música eletrônica com estilos da tradição local como maracatu e coco. – Resolvi apostar na cena pernambucana – explica Bruno Levinson, organizador do festival. – Eles conseguiram se desvencilhar do mangue beat. Não tive chance de trazer todos os grupos de fora do Rio que gostaria. Foi o ano mais fraco em relação à qualidade dos artistas. Falta ousadia e eles repetem fórmulas. O 3namassa reúne dois integrantes do Nação Zumbi (o baixista Dengue e o baterista Pupillo) e um do coletivo paulistano Instituto (o produtor Rica Amabis). Sempre acompanhados de vozes femininas como as das atrizes Alice Braga e Leandra Leal, lançou o primeiro CD em 2008. A idéia para a concepção de Na confraria das sedutoras surgiu a partir de sessões do DVD com o melhor do francês Serge Gainsbourg, expoente do spoken word emulado por eles. – Estão confirmadas Thalma de Freitas, Karine Carvalho e Lourdes da Luz – adianta Amabis, que define o pop de Recife. – É uma cena forte e em evidência há anos. Todos se encontram em São Paulo, há uma conexão entre as cidades. Amabis diz que o show é ideal para espaços como a Sala Baden Powell, onde tocam na sexta-feira. – É mais para assistir sentado mesmo, mas tem como dançar também. As outras participações vão ser definidas na segunda-feira. O HPP revelou Planet Hemp, Marcelo D2 e Pedro Luís e A Parede em edições anteriores, mas pela primeira vez foram abertas inscrições para artistas independentes. No concurso em parceria com o projeto Oi Novo Som, Levinson selecionou três das 474 atrações inscritas: o Fuzzcas e seu pop retrô, o reggae do Nayah e o Madame Machado, quarteto de ska. – O Oi Novo Som é como um MySpace com mais oportunidades – compara o produtor. – Tive a idéia da promoção para os artistas participarem, mas não gosto desse tipo de seleção. É perigosa. Levinson diz ter ficado numa espécie de meio-termo: – Não peguei a banda com mais participação dos internautas, foi um termômetro fundamental, mas a escolha foi minha. Elas têm capacidade de desenvolver carreiras em médio e longo prazo. No ano passado tivemos 40 mil visitantes no site. Somam-se à trinca de apostas outras três: o cantor Daniel Lopes, o combinado Stereo Maracanã + Tonho Crocco e o grupo Escambo, em apresentações no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Humaitá. Implantadas no ano passado, novidades como os talk shows, mistura de entrevistas e jams; e show surpresa em que o espectador define o preço do ingresso permanecem. – É uma estratégia. Aguça a curiosidade das pessoas, que se questionam sobre o quanto vale cada apresentação – esclarece Levinson. – O talk show teve público e repercussão. Foi o evento do ano passado que mais deu certo. Os convidados são os cantores Leoni, Frejat e Tico Santa Cruz, dos Detonautas. Com eles, os encontros são mais talk do que show. – Quero que seja só para trocar idéia. Sem oba-oba e sem necessidade de virar festa depois. Mas é lógico que vai ter música – adianta Levinson. Com currículo vasto, os cantores e compositores Bebeto Castilho, 69 anos, e Wilson das Neves, de 73, estrelam o que o produtor chama de “noite especial”. – São dois veteranos. É uma provocaçãozinha no bom sentido, e uma questão de oportunidade – brinca Levinson. – Wilson das Neves é mestre, mas tem postura de iniciante. Fez poucos shows cantando. Bebeto lançou o primeiro solo, com produção do Marcelo Camelo (sobrinho-neto do cantor). O produtor conta que esta pode ser a última edição neste formato. – Quero concentrar tudo numa semana. Num mês tenho 10 mil pessoas. É preciso crescer para não estagnar. Tenho de ter pelo menos 50 mil. Fonte: Braulio Lorentz, JB Online [02.01.09]
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