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Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro: Um símbolo de Fé e arquitetura moderna
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A Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro é um dos marcos mais icônicos da capital fluminense. Localizada no coração do centro da cidade, a catedral é um ponto de referência não apenas para os fiéis católicos, mas também para turistas e amantes da arquitetura. Com sua forma única e sua simbologia rica, a catedral é um testemunho do sincretismo entre a tradição e a modernidade.

A história antes da construção

Morro do Castelo

O primeiro assentamento urbano da cidade do Rio de Janeiro aconteceu no Morro do Castelo. Criada em 1676 pela bula do Papa Inocêncio XI, a Diocese, e em seguida Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, nunca teve catedral própria, sempre precisou servir-se de "igrejas emprestadas".

Nos seus primeiros 58 anos de sua história, ela se instalou na igrejinha que o governador Salvador de Sá mandou fazer de adobes e telha-vã, com três naves, no morro do Castelo, e totalmente demolida em 1922 com o total desmonte do morro.

Antes mesmo do fatídico fim da igreja do topo do morro do Castelo, em 1734, foi transferida para a igreja de Santa Cruz do Militares (Rua Primeiro de Março, 36 - Centro), onde permaneceu até 1737. Logo depois, foi transferida para a Igreja de Nossa senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (Rua Uruguaiana, 77 - Centro), onde ficaria até a chegada de Dom João VI ao Rio de Janeiro.

Igrejas que foram Catedral

No ano de 1808, desembarca no Rio de Janeiro a família real portuguesa. Ao chegar, Dom João VI, Príncipe Regente de Portugal, desce da sua nau e segue diretamente a catedral (Igreja de Nossa senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos) para agradecer sua viagem e pedir grande sucesso à sua estadia na nova cidade. Como a igreja foi considerada longe do local de onde ficaria a família Real, D. João VI torna a igreja de Nossa Senhora do Carmo sua Capela Real (Rua Sete de Setembro, 14 - Centro) e, assim, a igreja foi elevada à categoria de Catedral. Ali, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro permaneceria até a segunda metade do século XX, mudando-se para a atual na Avenida República do Chile.

A criação e projeto da Catedral

A Criação e Projeto da Catedral

A ideia de construir uma nova catedral para o Rio de Janeiro surgiu na década de 1940, como parte de um movimento para modernizar a infraestrutura religiosa da cidade, além de dar a cidade uma catedral exclusiva. Contudo, o projeto só começou a ganhar forma nos anos 1960, quando o então arcebispo do Rio, Dom Jaime de Barros Câmara, decidiu concretizar o plano.

O arquiteto Edgar de Oliveira da Fonseca foi o responsável pelo projeto, inspirado pelas pirâmides Maias da América Central. A construção da nova Catedral teve o dia 20 de janeiro de 1964 como data de colocação da sua pedra fundamental, com cerimônia celebrada pelo, então, Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara.

Desde sua concepção, o objetivo era criar uma estrutura que fosse tanto monumental quanto acessível, que representasse a fé em uma era de rápidas transformações.

Construção da Catedral

A finalização da construção demorou mais de uma década e sua conclusão se deu em 1979. Mas a primeira missa da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro foi celebrada por D. Eugenio de Araújo Sales em 1972, com sua construção ainda inacabada. Contudo, duas datas posteriores são consideradas os verdadeiros marcos de sua inauguração. Em 1976, quando a Arquidiocese comemorou seu Tricentenário e a Catedral de São Sebastião teve seu altar-mor sagrado. E a segunda, em 1979, quando D. Eugenio comemorou o Jubileu de Prata de sua ordenação episcopal, fazendo a solene Dedicação do Novo Templo.

Igreja de São Sebastião e a Catedral Metropolitana

Igreja de São Sebastião e a Catedral Metropolitana

Muitas pessoas se confundem dizendo que a Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro é a igreja de São Sebastião, mas essa informação está equivocada. Conheça abaixo um pouco da história e saiba o porquê dessa diferença.

A igreja de São Sebastião foi edificada em 1567 no topo do Morro do Castelo e era administrada pela Ordem Jesuíta, foi reconstruída por Salvador de Sá em 1583. O Marquês de Pombal ordenou a expulsão dos jesuítas em 1759 - isso foi uma tentativa da Coroa de centralizar a administração colonial e neutralizar a ação de ordens religiosas que atuavam na colônia de maneira autônoma e sem o controle da metrópole.

Em 1842, a Igreja de São Sebastião do Castelo foi entregue aos cuidados dos frades Capuchinhos. Essa igreja sobreviveu até 1922 quando foi demolida juntamente com o Morro do Castelo. Embora, com isso, o Rio de Janeiro tenha perdido uma das partes de sua história antiga, muitas coisas foram transferidas para a atual igreja da Tijuca.

A Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos (Rua Haddock Lobo, 266 - Tijuca), foi inaugurada em 15 de agosto de 1931. Foi elevada a paróquia em 9 de janeiro de 1947 e, dia 8 de junho do mesmo ano, instalou-se ali a nova paróquia de São Sebastião do Antigo Castelo.

Trazidos da antiga igreja do Morro do Castelo, foram transportados o que chamamos de “Relíquias Históricas da Cidade”:

- Os restos mortais do fundador da cidade do Rio de Janeiro, Estácio de Sá, morto em 1567;
- O marco zero da cidade fundada em 1565;
- A pequena imagem de São Sebastião de 1563.

Mais informações: igrejadoscapuchinhos.org.br

Arquitetura da Catedral

Arquitetura da Catedral

A arquitetura da Catedral Metropolitana é marcante por seu formato cônico - único na cidade -, com uma base larga que se estreita à medida que se aproxima do topo. A estrutura tem 106 metros de diâmetro na base e sua altura oficial é de 75 metros, o que lhe confere uma imponência inegável. A capacidade interna é de aproximadamente 20 mil pessoas em pé, o que a torna uma das maiores catedrais do Brasil. Em concreto aparente, linhas simples e retas, pode-se dizer que segue o movimento da arquitetura brutalista.

O interior da catedral é amplo e livre de colunas, o que permite uma visibilidade total do altar a partir de qualquer ponto. O teto da catedral é coroado por uma cruz de concreto de 30 metros, que se abre para o céu, simbolizando a união entre a Terra e o Divino.

Os Vitrais e Seus Significados

OS VITRAIS

Um dos aspectos mais impressionantes da catedral são seus vitrais coloridos, que sobem verticalmente pelas paredes cônicas. São quatro vitrais equidistantes distribuídos ao longo do diâmetro da catedral, cada um medindo aproximadamente 64m (altura) x 17m (largura na base) x 9m (largura no topo) e representam os quatro pilares da Igreja: Una, Santa, Católica e Apostólica. Cada um dos quatro vitrais é composto por cores diferentes:

- Verde: UNA - representa os elementos de unidade da igreja. No vitral, vemos o pastor e suas ovelhas, a Bíblia e a tiara papal, representando um governo, e o cálice representando um culto.

- Vermelho: SANTA - diz respeito a duas qualidades da Igreja: ela é santificada e santificante. Seu vitral ilustra um grupo de santos, a coroa de espinhos e as línguas de fogo do espírito santo.

- Azul: CATÓLICA - refere-se à missão da Igreja de salvar os homens. Nesse vitral estão representadas pessoas de todas as raças, os símbolos dos quatro evangelistas (Mateus, Lucas, Marcos e João) e o Globus mundi.

- Amarelo: APOSTÓLICA - alude à hierarquia da Igreja Católica. Jesus, representante de Deus, envia seus discípulos que provêem os testemunhos apostólicos que baseiam a doutrina católica, enquanto a comunidade eclesial deve transmití-los às próximas gerações. O vitral nos mostra o Bispo, o Papa e São Pedro, bem como os símbolos da Paixão: lança, cravos, esponja, cruz e mortalha.

A luz que atravessa esses vitrais cria um espetáculo visual no interior da catedral, especialmente durante cada fase do dia, quando o sol atinge diretamente as paredes de vidro.

Curiosidades da Catedral

Curiosidades da Catedral

1) A catedral possui uma acústica impressionante, projetada para amplificar o som sem a necessidade de sistemas de som eletrônicos, embora estes também estejam presentes.
2) A catedral abriga uma estátua de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, que foi esculpida em bronze pelo artista Humberto Cozzo.
3) No subsolo da catedral, encontra-se um ossuário, onde estão guardados os restos mortais de arcebispos do Rio de Janeiro e outras figuras importantes da história da Igreja no Brasil.

O Ossuário e o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra

Sob a catedral, há dois importantes espaços de preservação da história religiosa do Rio de Janeiro.

OSSUÁRIO

OSSUÁRIO

Abriga os restos mortais de figuras ilustres da Igreja Católica, como Dom Hélder Câmara, que foi um dos maiores defensores dos direitos humanos no Brasil. Este local é de grande importância para os fiéis que desejam prestar suas homenagens. Além disso, é um espaço de acolhimento dos restos mortais (ossos e cinzas) dos fiéis e religiosos.

Inaugurada na década de 1980, a Cripta foi desenvolvida para acolher os restos mortais dos fiéis e religiosos com tranquilidade e segurança aqueles que tanto sentem a perda de um ente querido. Com aproximadamente 25 mil nichos, dispostos ao redor de um altar onde toda segunda feira é celebrada a Santa Missa em sufrágio das almas dos que ali se encontram, mesmo sem a presença dos familiares. Os familiares podem agendar a exumação para o dia da Missa, durante a Celebração os Restos Mortais ficam no Altar e após o Padre realiza Oração de Encomendação junto dos Familiares.

A Capela encontra-se aberta de segunda à sexta feira de 8h às 15h. Toda Segunda-feira às 12h é celebrada Santa Missa em Intenção a Todos os Falecidos ali Sepultados.

Para mais informações: ossuariodacatedral.com.br

MUSEU ARQUIDIOCESANO DE ARTE SACRA (MAAS)

MUSEU ARQUIDIOCESANO DE ARTE SACRA (MAAS)

O Museu tem como missão preservar e divulgar a história da presença da Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil. Um importante acervo sacro, reunido a partir da década de 1950, registra os cinco séculos da presença da igreja católica no Brasil, assim como parte da história da própria cidade do Rio de Janeiro, desde o período colonial até a República.

Criado em 16 de dezembro de 1976, por ocasião das comemorações do Tricentenário de criação do Bispado de São Sebastião do Rio de Janeiro, durante a solenidade de inauguração da catedral, presidida pelo, então, Arcebispo Cardeal D. Eugenio de Araujo Sales. Na sacristia da nova Catedral foram expostas peças do acervo. O diretor nomeado para o museu foi o Mons. Ivo Antonio Calliari.

Após passar por reformas estruturais, o museu foi aberto à visitação pública no dia 24 de abril de 2001.

Acervo Museológico - são mais de 5 mil peças registradas, entre esculturas, pinturas, mobiliário, prataria, porcelana, indumentária religiosa, medalhística, condecorações, livros litúrgicos, joalheria, objetos devocionais. Destaca-se a coleção João Paulo II, que possui atualmente 73 peças referentes às suas duas visitas ao Rio de Janeiro, em 1980 e 1997. Dentre várias obras que ilustram a história do Rio de Janeiro, destacam-se duas obras atribuídas a Leandro Joaquim, óleo sobre tela, século XVIII, representando o incêndio do Recolhimento do Parto e reconstituição do mesmo. Há ainda um relevante número de retratos de Sacerdotes e também exemplares de pintura cusquenha (arte religiosa de cunho catequista, da região de Cuzco, típica do século XVII).

Acervo Arquivístico - O Arquivo Arquidiocesano, instalado no subsolo da Catedral, possui aproximadamente 1100 metros lineares entre documentos manuscritos, impressos e iconográficos.

Horário de atendimento: de terça a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 16h; sábados, das 9h às 12h; domingos e segundas, fechado.

Ingresso: R$ 5 (inteira), R$ 2 (meia-entrada, a partir de 65 anos, crianças até 10 anos e estudantes), Gratuito (religiosos e estudantes uniformizados da escola pública)

Para mais informações: Museu Arquidiocesano de Arte Sacra

Catedral

Serviço: como chegar, horários e acesso

Endereço: Avenida Chile, 245 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20031-170

Missas:

- Segunda a sexta: 11h
- Sábado: 10h
- Domingo: 9h e 11h

Como Chegar:
- Metrô: A estação mais próxima é a Estação Carioca (Linhas 1 e 2). De lá, é possível caminhar até a catedral.
- Ônibus: Diversas linhas de ônibus passam pela Avenida Chile e proximidades, incluindo linhas que vêm de diversas partes da cidade.
- Carro: Há estacionamento pago na catedral e arredores, mas o uso de transporte público é recomendado devido ao trânsito no centro.

A Catedral Metropolitana não é apenas um lugar de culto, mas um verdadeiro monumento à fé ecumênica, à história e à arquitetura moderna do Rio de Janeiro. Seja para momentos de reflexão espiritual ou para apreciar sua impressionante estrutura, a visita à catedral é uma experiência inesquecível.



Fontes:
- Catedral Metropolitana
- Ossuário
- riotur.rio
- museusdorio.com.br
- pt.wikipedia.org
- guiadoandarilhourbano
- Igreja dos Capuchinhos
- freewalkertours.com
- artigo: Um paradoxo patrimonial: a Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro (Roberto Segre, João Henrique dos Santos e Estela Maris de Souza)