Coisas de valor e o valor das coisas [Rodrigo Oliveira]
Abertura: 14 de abril de 2011
Encerramento: 10 de maio de 2011
O artista português, formado pela Chelsea College of Art and Design em Londres, apresenta trabalhos trazidos de Portugal. Após a montagem Rodrigo fará uma residência artística no atelier de Rosana Ricalde e Felipe Barbosa no Rio de Janeiro.
Nesta mostra, a maioria dos trabalhos, inéditos e executados neste ano, apresenta comentários sobre as relações entre a cultura portuguesa e brasileira, cruzando referências e estabelecendo pontes entre ícones destes países, como por exemplo, Carmen Miranda e Amália Rodrigues.
Sobre Ricardo Nicolau e sua obra
Rodrigo Oliveira (Sintra, 1978) é um artista com uma carreira relativamente recente mas com um trabalho irredutivelmente singular. Uma parcela importante da sua obra tem-se ocupado do desmistificar, ou do reduzir ao absurdo, de determinados lugares comuns sobre a arte e os seus modelos de apresentação. Para isso tem analisado rigorosamente o aparato artístico, desenvolvendo projectos em que revê os papéis do artista e da instituição, mas também das circunstâncias e das expectativas que envolvem sempre a exposição de obras de arte.
Não é por acaso que em várias das suas peças nos confrontamos com dispositivos como paredes, plintos, bancos de museu, que, na sua singular utilização pelo artista, garantem uma hábil gestão das nossas esperanças, ou dos nossos supostos direitos, quanto à apresentação e acessibilidade do objecto artístico – processos que evocam, de forma consciente, precedentes históricos associados à “crítica institucional”, que examinava espaços e processos de comunicação, bem como as condições do espectador.
Isto levou-o a replicar estratégias e metodologias típicas da cultura modernista, revelando o carácter ideológico e cultural que distinguiu o nascimento das instituições que apresentam arte contemporânea, conduzindo-o naturalmente a um pensamento crítico sobre a arquitectura, e sobre os falhanços das utopias políticas, sociais e estéticas que culminaram no absurdo das nossas vidas quotidianas, nomeadamente a um encolher do espaço público e da interacção social.
Rodrigo Oliveira é um artista obcecado com as formas como os espaços arquitectónicos influenciam, controlam os nossos movimentos – controlo que não contradiz, pelo contrário, os vários graus de falsos conforto e segurança que pretendem proporcionar (e vários dos seus projectos partem de tipologias arquitectónicas ligadas à ideia de condomínio fechado). Interessa-lhe o espaço nas suas várias manifestações: sociais, políticas, físicas, psicológicas, históricas. As suas esculturas e instalações, no seu rigor, elegância formal e aparente frontalidade, escondem sempre um complexo sobrepor de sentidos, e vêm quase sempre acompanhadas de grandes doses de humor, muitas vezes corrosivo e nunca isento de crítica.
É constante no seu trabalho um pensamento crítico sobre os paradoxos e os mistérios da vida moderna – no que toca às formas de habitar, à nossa relação com os espaços, com os objectos – muitas vezes associado a uma revisão da tradição do grande, quase messiânico projecto ilustrado que foi a arquitectura modernista. Rodrigo Oliveira, muitas vezes referindo-se directamente a figuras como Le Corbusier e Mies van der Rohe, confronta-nos constantemente com os resultados contraditórios e múltiplas fissuras do projecto da modernidade, em termos arquitectónicos, mas também artísticos e filosóficos.
Interessante é que, na sua obra, esta preocupação com a arquitectura se associe a determinadas formas e protocolos que associamos imediatamente ao minimalismo, que tem sido revisitado pela arte contemporânea justamente com o objectivo de mostrar como todo o ideal, qualquer ideia de pureza ou de neutralidade, podem ruir mal enfrentem a prova de serem colocados perante uma ordem social, histórica, narrativa; digamos que as referências à arquitectura modernista vêm submeter os objectivos do minimalismo às condições da realidade, complicando a sua intencional transparência.
Também os materiais que utiliza, muitas vezes sem qualquer intervenção da sua parte, vêm contribuir para aquela complicação: interessam-lhe materiais ambíguos, que possam ser simultaneamente símbolo e matéria-prima, que estejam no mundo quotidiano e ainda impregnados de significados. Quando utiliza, por exemplo, uma grande variedade de vedações e de obstáculos à circulação – como em Parcour (Acesso Restrito) de 2001-2003 –, o artista não está apenas a condicionar os movimentos do espectador no espaço: se alguns dos objectos são redes de ténis, vedações de piscinas e obstáculos de salto equestre, Rodrigo Oliveira pede-nos que reflictamos sobre a relação entre os constrangimentos no acesso e modalidades desportivas que associamos às mesmas elites que habitam os condomínios fechados.
Outro exemplo é a utilização de materias potencialmente perigosos, como nas suas “esculturas inflamáveis”, que tem vindo a desenvolver desde 2004, e que são maquetas de unidades habitacionais modernistas compostas por milhões de fósforos. Sujeitas ao desastre iminente, apresentam-se frequentemente em ruínas, depois de parcialmente incendiadas. Aqui, tal como na série de prédios embargados que também tem vindo a apresentar, feitos de cartão prensado, colado e rasgado, Rodrigo Oliveira contrapõe colapso, dissolução, entropia, contingência às ideias de pureza e de neutralidade. Consciente do potencial de atracção do perigo, torna-o um elemento constitutivo de várias das suas obras, que permite ao espectador tomar uma consciência inédita do papel e do espaço que ocupa – psicologicamente, quando se entra em contacto com o perigo, os sentidos ficam mais alertas, pensa-se e sente-se com maior intensidade. Atenção!
Local:
Cosmocopa Arte Contemporânea
Rua Siqueira Campos, 142 - loja 32 e 80 (2º piso)
Shopping Cidade Copacabana
Copacabana
(21) 2236-4670
Funcionamento:
de 2ª a 6ª feira, das 10h às 20h30
sábado, das 11h às 16h
domingo não abrem.
Ingresso:
Entrada franca
Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.
Cosmocopa Arte Contemporânea
Rua Siqueira Campos, 142 - loja 32 e 80 (2º piso)
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Copacabana
(21) 2236-4670
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sábado, das 11h às 16h
domingo não abrem.
Ingresso:
Entrada franca
Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.