Boi nos Ares [Manuel Eudócio]
rioecultura : EXPO Boi nos Ares [Manuel Eudócio] : Galeria Pé de Boi
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Abertura: 27 de agosto de 2009
Encerramento: 24 de setembro de 2009

A mostra reúne 150 obras do Pernambucano Manuel Eudócio. Aos 78 anos, Eudócio é o único remanescente da geração de Vitalino, sendo, hoje, um dos mais importantes artesãos do Brasil.

Segundo Ana Maria Chindler, responsável pela Galeria Pé de Boi, a idéia de realizar essa exposição decorre de dois motivos:O primeiro homenagear Vitalino através da obra de seu companheiro Eudócio, e o segundo homenagear o próprio Manuel Eudocio, em vida, pela grandeza de sua obra.



Apesar das dificuldades que enfrenta com sua visão, o mestre é hoje, o maiscriativo dos artistas Pernambucanos. Os personagens da cultura popular são retirados de seu contexto tradicional e recriados em novos ambientes ou situações com muita criatividade. Do Bumba meu Boi, Dona Joana se casa com o Doutor; lampião e Maria Bonita passeiam de bicicleta;o casal de noivos sai da carroça e sobe numa girafa.

Todo o personagem apresentado por Eudócio tem humor, nos surpreendem e contribuem para o enriquecimento da nossa cultura que, através dele, e como Vitalino, deixam suas marcas para que a nova geração de sucessores siga, também, recriando e acrescentando à cultura popular.

A exposição é apresentada pelo Senador Jarbas Vasconcelos e pelo pesquisador de cultura brasileira, o jornalista Bruno Albertim. Na opinião do senador Jarbas Vasconcelos, colecionador e amante da arte brasileira,Manuel Eudócio é um símbolo da arte popular. "Sua capacidade laborativa, sua criatividade em transformar os antigos personagens da nossa cultura em novos seres que povoam seu imaginário e sua técnica de ceramista exemplar o colocam, sem sombra de dúvida, no mesmo pé de igualdade a seu conterrâneo e contemporâneo, Vitalino Pereira dos Santos." diz acrescentando ainda que admira o empenho do artesão na formação de novas gerações. "Ele é mestre porque domina a técnica, segue criando e repassa seu conhecimento a todos os seus sucessores."



Para o jornalista Bruno Albertim, foi Manuel Eudócio quem desenvolveu detalhes de acabamento como os olhos redondos e pintados de branco que passariam a substituir os furos de arame nos rostos de retirantes,brincantes, médicos, bêbados e outras figuras que, materializadas no massapé queimado, fariam do mestre o grande cronista de um Nordeste arquetípico.

"Herdeiro de Vitalino e mestre, o caruaruense de fala mansa e pesadas lentes grossas diante dos olhos segue diária e pacientemente sua vocação de homem do barro. Mais instigante e categórico dos artistas vivos dedicados à cerâmica popular figurativa, traz em si a insígnea: não teria havido Eudócio sem Vitalino. Nem Vitalino, sem Eudócio. Mais do que aglutinações forjadas nos círculos ocasionais das artes contemporâneas, eles foram - ou melhor, são - o que se pode organicamente chamar de escola. Sem desconfiar do que viria, entre o barro da olaria e o tabuleiro da feira, criaram a primeira grande estética da cerâmica popular brasileira no século 20" diz Bruno.

Para Bruno Albertim, enquanto Vitalino manteve a predominância da cerâmica nua nas peças - embora nunca tenha desprezado pigmentos naturais em alguns de seus bois mais famosos - Eudócio empreendeu uma trajetória irreversível em direção às cores.



Eudócio tem a consciência do operário. Cumpre expediente de segunda a sábado em sua casa-ateliê. Sabe que o sustento da família vem do barro. Assim, se permite repetir peças de maior aceitação. Mas nunca fez - ou faz - concessões a peças de menor acabamento, produzidas mais velozmente para um maior fluxo comercial. Não trabalha com temas encomendados.

É este artista, conseqüência e criador de arquétipos, que a galeria Pé de Boi (re) apresenta numa mostra retrospectiva de sua obra na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. A mesma cidade, onde, meados dos anos 50, o artista plástico Augusto Rodrigues revelou Vitalino, Eudócio e seus pares. Eram, à época, pouco mais que curiosidade antropológica. Hoje, são divisores. Sobretudo das fronteiras entre as ditas artes popular e erudita num país que ainda cultiva tanto seus fossos.
Local:
Galeria Pé de Boi
Rua Ipiranga, 55
Laranjeiras
(21) 2285-4395

Funcionamento:
de 2ª a 6ª feira, das 9h às 19h
sábado, das 9h às 13h

Ingresso:
Entrada Franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.