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A Lapa supera Cristo na preferência de turistas jovens no Rio.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
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Com quase o dobro do Cristo Redentor, que obteve 17% das respostas, a Lapa (30%) é o lugar preferido pelos jovens estrangeiros, que chegam à cidade com pouco dinheiro e muita vontade de enfiar o pé na jaca. A predileção que os turistas, conhecidos como mochileiros, têm pelo bairro boêmio foi revelada por uma pesquisa feita pela Escola de Turismo e Hotelaria da UniverCidade e a Cesgranrio, com o apoio da secretaria municipal de Turismo.

Coordenado pelos professores Bayard Boiteux e Mauricio Werner, respectivamente diretor e coordenador geral da Escola de Turismo, o levantamento do perfil do mochileiro também aponta a população do Rio como o maior ponto positivo da cidade, com 40% das respostas, entre outras informações.

– Eles interagem com a população, gostam de conversar com as pessoas – analisa Boiteux. – Não se fecham em hotéis e tampouco fazem passeios preestabelecidos.

A pesquisa, feita com 200 mochileiros entre 10 e 25 de novembro, revela que o jovem turista que vem para o Rio é mulher (65%), tem nível médio de instrução (75%), está na cidade pela primeira vez (90%), veio por conta própria (90%) e permanece de dois a quatro dias (55%). A maior parte vem da Alemanha (25%), logo à frente dos Estados Unidos (20%), gastam entre US$ 40 (55%) e US$ 50 / 120 (40%) por dia, viajam sozinhos (68%) e preferem albergues para se hospedar (75%).

Para Boiteux, no entanto, o Rio de Janeiro ainda não percebeu a importância desse tipo de turista, que se ressente da falta de apoio.

– Alguns países perceberam a importância desse tipo de consumidor e criaram sites e guias turísticos específicos com informações de hospedagem, pontos turísticos, lugares onde comer – compara Boiteux. – Tudo, claro, dentro do perfil de jovens estudantes, gente que não gasta muito. Bem diferente do turista convencional.

:: Falta de segurança ::

Apesar da falta de apoio ser a maior queixa dos mochileiros (50%), a (falta de) segurança e a mendicância vêm respectivamente na segunda (25%) e terceira (20%) posições. Michele Terra, dona do albergue Stone of Beach, inaugurado há três anos em Copacabana, na Zona Sul, conta que os jovens visitantes reclamam bastante da sensação de insegurança que sentem e dos pedintes nas ruas.

– Ponto positivo é o jeito comunicativo do carioca. A população ajuda muito. Negativo é a falta de segurança e os mendigos que pedem coisas nas ruas. Eles reclamam muito – relata Michele Terra, acrescentando que no último período de baixa temporada teve uma queda de 25% de ocupação do seu albergue. – Foi péssimo. Acho que a crise deixou o orçamento deles mais apertado – concluiu.

Apesar dos problemas, 98% dos entrevistados disseram querer voltar para o Rio. Para o Boiteux, as ações das autoridades devem visar à manutenção desse alto índice. Mesmo que na primeira visita, esse jovem visitante tenha mais disposição que dinheiro, na segunda vinda pode trazer uma pessoa já com uma profissão e família formada.

– Ele tem baixo poder aquisitivo, mas que voltar à cidade em um futuro próximo com outra condição – pondera Boiteux.

Fonte: Carlos Braga, Jornal do Brasil [08.12.08]

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