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Abandonado por quase trinta anos, o Cassino da Urca recupera as linhas clássicas.
sábado, 29 de novembro de 2008
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Suas roletas pararam de girar há mais de sessenta anos, mas agora o antigo Cassino da Urca volta a ser o cenário de uma aposta certeira. As linhas clássicas da fachada, com elementos do estilo art déco que perdera desde o começo da década de 50, estão sendo recuperadas. Algumas gerações de cariocas tinham uma referência pouco lisonjeira do belo edifício de aproximadamente 3 000 metros quadrados, cujos dois blocos foram transformados em estúdios da extinta TV Tupi. Com a falência da emissora, no fim da década de 70, os galpões ficaram em ruínas. Cedido pela prefeitura do Rio ao Istituto Europeo di Design (IED) em 2006, o espaço ganhou nova feição.

Quase concluída, a primeira fase da empreitada restaurou o prédio que abrigava os salões de jogos construídos em 1933 pelo empresário mineiro Joaquim Rolla (1899-1972). Até agora, foram investidos 6 milhões de reais pelo IED. "Estamos fazendo as obras com capital próprio, sem uso de incentivos fiscais", enfatiza o italiano Riccardo Zarino, responsável no Brasil pelas atividades da instituição sediada em Milão, que também tem uma unidade em São Paulo, além de filiais em Roma, Turim, Veneza, Madri e Barcelona. A segunda etapa vai reconstituir o teatro e deve ser executada entre 2010 e 2012, consumindo mais 14 milhões de reais.a

Autor do projeto, o arquiteto Ado Azevedo explica que a revitalização do cassino vem sendo realizada com interferência mínima na construção original. "Nas partes mais antigas foram usados materiais como madeira e ferro aparentes", diz. Um exemplo é a Sala Magna, no térreo, com cerca de 160 metros quadrados e pé-direito duplo, que servirá para palestras e coquetéis. No mesmo pavimento estão dois lounges em torno do acesso principal e seis salas. De fora já se avista a bela fachada, construída em 1922, que havia desaparecido após sucessivas reformas. Apesar de quase concluído, o IED só deve iniciar suas atividades no segundo semestre do ano que vem. "Não temos urgência em abrir os cursos. Primeiro, precisamos terminar as obras que darão as licenças para o habite-se", afirma Zarino. "Vamos fazer uma agenda de visitação, workshops e desfiles."

Mesmo com a inegável melhoria para os arredores, parte dos moradores do bairro continua descontente com a instalação do instituto. "O prédio é lindo", diz Lilibeth Robalo Ferreira, diretora da Associação de Moradores da Urca (Amour). "O que não é bonito é o que vão fazer com a Urca, colocando 700 alunos para estudar ali." Em pouco mais de um ano, a Amour já entrou com duas ações no Ministério Público Estadual. Na próxima semana, o advogado José Guerra Neto deve protocolar outros dois processos questionando a cessão do patrimônio público sem concorrência e a aprovação do projeto sem estudo de impacto ambiental. Muda a paisagem, mas a polêmica continua.

Fonte: Veja Rio [03.12.08]

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