IMS lança nova edição do clássico do movimento beat no Brasil, Paranoia, do poeta Roberto Piva, com ensaio fotográfico do artista plástico Wesley Duke Lee e prefácio de Davi Arrigucci Jr.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
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O Instituto Moreira Salles lança a nova edição do livro Paranoia, publicação que reúne 19 poemas de Roberto Piva e fotografias do artista plástico Wesley Duke Lee e que até o momento estava esgotada. Desde sua primeira edição, em 1963, Paranoia compõe uma das mais fortes parcerias artísticas que a cidade de São Paulo já inspirou. Na época de seu lançamento, Paranoia teve o típico destino dos livros que nadam contra a corrente. De um lado, por sua índole contestadora, incomodou os críticos mais conservadores. De outro, por seu individualismo anárquico, confrontou a vanguarda literária mais programática na época, o movimento concretista. Em compensação, seus poemas foram cultuados por todos os leitores e artistas receptivos a uma sensibilidade profundamente libertária. Paranoia é o mais eloquente exemplo da primeira fase da carreira de Piva, na qual o ímpeto para a transgressão talvez seja a característica predominante. Enquanto o poeta vagueia pelas ruas de São Paulo, sob o signo maior do erotismo, seus versos alimentam-se dos excessos do meio urbano, com o qual vivem um verdadeiro corpo a corpo, e rebatem todo e qualquer padrão de conduta social pré-definida. Como diz o crítico Davi Arrigucci Jr., autor do prefácio escrito especialmente para esta edição, “a poesia vira uma forma de observação, descoberta e transfiguração imaginária da cidade”. Muitas tradições literárias entrecruzam-se nesta obra. Entre elas, vale citar a da meditação andarilha pela cidade, consagrada com Baudelaire e cuja influência varreu o mundo, alcançando a metrópole periférica de Mário de Andrade e do modernismo da primeira geração como um todo. Vale registro também o influxo dos poetas beat norte-americanos, com sua apologia do desejo irrefreado, seu destemor diante da alternância entre os registros alto e baixo, sua livre associação de idéias e referências e sua adesão ao escape proporcionado pelas drogas. “Uma visão alucinatória de São Paulo”, foi como Piva definiu seu livro. Roberto Piva nasceu em 1937, na cidade de São Paulo, onde sempre viveu. Figura ativa no meio cultural e poético paulistano desde a juventude, teve seus primeiros poemas publicados na célebre Antologia dos novíssimos (Massao Ohno, 1961). Publicou os livros de poemas Paranoia (Massao Ohno, 1963, Instituto Moreira Salles, 2000), Piazzas (Massao Ohno, 1964, Kairós, 1980), Abra os olhos e diga ah! (Massao Ohno, 1975), Coxas (Feira de Poesia, 1979), 20 poemas com brócoli (Massao Ohno/Roswitha Kempf, 1981), Quizumba (Global, 1983), Antologia poética (L&PM, 1985) e Ciclones (Nankin, 1997). Todos esses livros foram reunidos nos volumes Um estrangeiro na legião, Mala na mão & asas pretas e Estranhos sinais de Saturno (Globo, 2005, 2006, 2008). Wesley Duke Lee nasceu em 1931, na cidade de São Paulo. Na juventude, estudou arte nos Estados Unidos e na França. Já de volta ao Brasil, em 1963, iniciou trabalho com os jovens artistas Carlos Fajardo, Frederico Nasser, José Resende, Luiz Paulo Baravelli, entre outros. Concebeu O grande espetáculo das artes, um dos primeiros happenings do Brasil. Entre 1966 e 1967, junto com Nelson Leirner, Geraldo de Barros, José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser, integrou o Grupo Rex, numa reação ao mercado de arte. É um dos grandes nomes das artes plásticas no Brasil, como desenhista, gravador, artista gráfico e professor. Paranoia – Roberto Piva e Wesley Duke Lee 208 pgs 978-85-86707-40-7 R$60 |
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