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Novos lançamentos da série dedicada aos fotógrafos da coleção do IMS: JOSÉ MEDEIROS e VINCENZO PASTORE
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
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O Instituto Moreira Salles lança mais dois livros de fotografia que reúnem obras de consagrados fotógrafos de seu acervo, acompanhadas de texto que as desdobram e analisam. Na rua reúne 43 fotos do ítalo-brasileiro Vincenzo Pastore e ensaio de Antônio Arnoni Prado, professor de teoria literária no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Cinefotorama traz 48 imagens fotojornalísticas de José Medeiros e poema-roteiro de Zuca Sardan.

Os novos lançamentos dão continuidade a uma série de livros de fotografia baseada nas mais de 500 mil fotos que o Instituto Moreira Salles preserva em suas reservas técnicas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Os dois primeiros livros da coleção foram Cara de Artista, com imagens de Carlos Moskovics e texto de Sergio Miceli, e Paisagem Moral, com fotos de Marcel Gautherot e poema inédito de Francisco Alvim.


SOBRE OS LIVROS
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:: NA RUA ::

Este livro traz a público um dos mais agudos retratos da cidade de São Paulo no início do século xx. O fotógrafo italiano Vincenzo Pastore, radicado no Brasil desde 1894, encontrou, nas bordas da modernidade, percorrendo com sua câmera as ruas mais distantes do Centro, para além dos grandes magazines, dos cafés e das confeitarias chiques, uma realidade bastante diferente da chamada belle-époque.

O que se vê aqui é um espaço urbano que, na década de 1910, enfrentava dois grandes desafios. De um lado, superar os desequilíbrios sociais herdados dos períodos colonial e imperial, os quais a abolição da escravatura, em 1888, e a proclamação da República, em 1889, ainda não haviam sido suficientes para eliminar. De outro, lidar com uma nova categoria de cidadãos marginalizados, que, no entanto, entravam com força na composição da sociedade paulistana: os imigrantes. Entre eles, é claro, o próprio Pastore.

Como diz o crítico Antônio Arnoni Prado, que assina a apresentação deste volume, “os rostos de Pastore, vistos em conjunto, são esgares vivos da luta pela sobrevivência primária na província assolada pelo novo século. Tomados individualmente, como produtos de um olhar forasteiro, são marcas do atraso, incompatíveis com a assimilação improvisada do progresso, que acelerou os ritmos da cidade, atropelou as diferenças, importou soluções, imaginando transformar São Paulo numa extensão tropical da Europa.”

Em imagens que combinam apuro formal e temática social, antecipando uma espécie de estética neorrealista, é o dia a dia dessa luta pela sobrevivência que se destaca no conjunto aqui reunido. Carroceiros procuram serviço, lixeiros enchem seus carroções, barbeiros esperam seus fregueses, lavadeiras conversam com baldes pendurados nos braços, negros descalços andam pelas ruas como autênticos escravos do ganho, vendendo o que lhe cai às mãos para amealhar a féria do dia. Parte integrante do acervo do IMS, as fotografias de Vincenzo Pastore revelam, por tudo isso, uma imensa curiosidade urbana e humana, capaz de dizer muito sobre o passado da capital paulista e, também, sobre as ilusórias estratégias do progresso em nosso país.

:: Sobre os Autores ::

Vincenzo Pastore nasceu em 1865 na cidade de Casamassima, na região italiana da Puglia e, como tantos de sua geração e país, lançou-se à aventura do Novo Mundo: em 1894, está em São Paulo, trabalhando como fotógrafo, numa primeira passagem pelo Brasil; de volta à Itália no ano seguinte, agora na região da Basilicata, retorna contudo ao Brasil em 1899, estabelecendo estúdio e residência na capital paulista, à rua da Assembleia. Pastore toca o estúdio com a ajuda da esposa Elvira Leopardi Pastore (1876-1972) e constitui uma boa clientela com seus retratos e ensaios ao gosto pictorialista de então. Na primeira década do século xx, abre uma filial do estúdio à rua Direita. Em 1908, participa da Exposição Nacional do Rio de Janeiro, com um conjunto variado de fotopinturas e trabalhos em grandes dimensões. Anos depois, em 1914, volta à Itália e inaugura em Bari o estúdio Ai Due Mondi, mas a i Guerra Mundial não favorece os negócios e Pastore é obrigado a fechar as portas. Mais uma vez em São Paulo, segue trabalhando com fotografia e publica imagens em revistas ilustradas, como A Cigarra e A Vida Moderna. Em 1916, recebe a Ordem da Coroa da Itália. Falece em São Paulo em janeiro de 1918, vítima de complicações cirúrgicas.

Antônio Arnoni Prado é professor de teoria literária no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Autor de inúmeros livros, é um reconhecido especialista nas obras de Sérgio Buarque de Holanda, cujos textos de crítica literária organizou para publicação sob o título O espírito e a letra (Companhia das Letras, 1996), bem como de Lima Barreto e demais escritores pré-modernistas brasileiros. Além disso, é profundo conhecedor da literatura anarquista no Brasil, intimamente ligada ao fenômeno da imigração italiana e, portanto, ao universo fotografado por Vincenzo Pastore. Seus principais livros são: 1922 – Itinerário de uma falsa vanguarda (Brasiliense, 1983; a ser brevemente relançado pela Editora 34) e Trincheira, palco e letras: crítica, literatura e utopia no Brasil (Cosac Naify, 2004). Em 2001, Arnoni ganhou a bolsa de mérito acadêmico John Simon Guggenheim Memorial Foundation e, em 1997, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro.

Na Rua – Vincenzo Pastore e Antônio Arnoni Prado
108 pgs
R$ 39,00
ISBN: 978-85-86707-42-1
157x195 cm

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:: CINEFOTORAMA ::

Depois da nova edição de Candomblé, o clássico livro-ensaio de José Medeiros sobre os cultos afro-brasileiros da Bahia, o Instituto

Moreira Salles publica agora uma reunião inédita de imagens feitas pelo fotógrafo sobre a vida carioca dos anos 1950.

Ao longo de sua carreira, e sobretudo nos 15 anos em que permaneceu como fotojornalista da revolucionária revista O Cruzeiro, José Medeiros cobriu os mais variados aspectos da sociedade do Rio de Janeiro: dos páreos no Jockey Club a números de circo, dos bailes de Carnaval aos comícios de Getúlio Vargas, das ensolaradas cenas de praia da Zona Sul às viagens suburbanas pelos trens da Central.

Cinefotorama, porém, faz muito mais do que simplesmente pinçar belas imagens de José Medeiros e reuni-las aleatoriamente. O livro constrói uma deliciosa narrativa visual, encadeando temas de forma inteligente. Por exemplo, na sequência composta pelas imagens de: um jogo de futebol no Maracanã; um comício de Getúlio no estádio de São Januário; uma família de negros numa parada militar; homens subindo num poste para ver a chegada dos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira. Nesse caso, fica evidente o quanto o esporte e a política se aproximam na tendência de criar grandes espetáculos para o povo, que, em geral, permanece afastado do centro dos acontecimentos.

Mas as relações nascidas deste livro podem ser também muito engraçadas. É o que acontece quando se sucedem as imagens de: uma longa fila de freiras, um desfile de misses e uma parada militar. A óbvia proximidade formal entre as fotografias, que entretanto evocam espaços e personagens sociais tão diferentes, cria um irresistível efeito cômico.

A forma de composição da narrativa visual é exatamente a mesma daquela usada pelo poeta Zuca Sardan nos versos que abrem o volume. De um lado, ele faz uma hábil e inusitada colagem de temas, produzindo novos sentidos; de outro, seu poema transborda senso de humor. Nele, José Medeiros é “Zé do Flash”, e o humor da narrativa feita pelas imagens recebe sua contrapartida textual: “Bloco é procissão do Carnaval/ tem diabo, tem caveira/ Procissão é bloco da Quaresma,/ o padre solta a marchinha/ as freiras são pastorinhas/ seus chapéus revoada de gaivotas.”

:: Sobre os Autores ::

José Medeiros travou seus primeiros contatos com a fotografia em Teresina, onde nasceu em 1921. Em 1939, mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a publicar seus instantâneos nas revistas Tabu e Rio. Em 1946, o fotógrafo francês Jean Manzon, radicado no Brasil desde 1940, convidou-o a integrar a equipe da revista O Cruzeiro, então um dos maiores sucessos da imprensa brasileira e, sobretudo, um centro de inovação fotojornalística. Medeiros trabalharia por 15 anos para O Cruzeiro. Em 1962, fundou a agência Image, em parceria com Flávio Damm e Yedo Mendonça. Três anos mais tarde, começou a trabalhar com cinema, assinando a direção de fotografia de clássicos como A falecida (1965), de Leon Hirszman, Xica da Silva (1976), de Cacá Diegues, e Memórias do Cárcere (1984), de Nelson Pereira dos Santos. O próprio Medeiros dirigiu um longa-metragem, Parceiros da Aventura (1980). O fotógrafo morreu em Áquila, na Itália, em 1990. As imagens de Cinefotorama fazem parte de um acervo de mais de 20 mil negativos de Medeiros, incorporado em 2005 às coleções do Instituto Moreira Salles.

Zuca Sardan naceu no Rio de Janeiro, em 1933. Concluiu o curso de arquitetura pela Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1956. Entre 1963 e 1965 fez o curso de preparação para carreira no Instituto Rio Branco, em Brasília. Nos anos seguintes, serviu como diplomata em vários países. Em 1969, publicou Poemas Zum, seu primeiro livro de poesia. Em 1978, foi publicada a antologia bilíngue Francisco Alvim y Zuca Sardan – Poemas, versão para o espanhol por Abelardo Sánchez-León, publicada no Peru. No período de 1984 a 1990, colaborou nas revistas Brica-Braque e Arte em São Paulo, com desenhos e poemas. Sua obra poética inclui os livros Os mystérios (1980), Visões do bardo (1980), Aqueles papéis

(1975), Osso do coração (1993), entre outros. Zuca Sardan pertence à geração de “poetas

marginais”, surgida nos anos de 1960 e 1970. Sobre sua obra, o crítico Carlos Alberto Messeder Pereira afirmou: “neste contexto de produção artesanal de livros de poesia, a trajetória de Saldanha é bastante ilustrativa e, certamente, ele não poderia estar ausente da história da ‘poesia marginal’ como um todo”.

Cinefotorama - José Medeiros e Zuca Sardan
128 pgs
R$ 39,00
ISBN: 978-85-86707-43-8
157x195 cm

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