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Iphan e Unesco discutem criação de centro para preservar patrimônio - Palácio Gustavo Capanema vai abrigar cursos e oficinas de restauração.
fonte: O Globo [21.10.08]
terça-feira, 21 de outubro de 2008
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A pedra fundamental para garantir a preservação de muitas construções de outrora foi lançada ontem no Palácio Gustavo Capanema, que sediou a primeira reunião sobre a criação do centro de referência em patrimônio, que deverá ser inaugurado no local no segundo semestre do ano que vem. A discussão, promovida pelo Iphan e pela Unesco, segue até o fim da semana, quando será atualizada a lista de indicações brasileiras ao título de Patrimônio da Humanidade.

Batizado como Centro Regional de Capacitação em Patrimônio Cultural, o espaço abrigará ações de preservação na América Latina, Caribe e países de língua portuguesa e espanhola da África e da Ásia. Tendo como braço educacional a Fundação Getúlio Vargas, o centro investirá na capacitação de profissionais especializados em restauro, promovendo cursos, oficinas, palestras, pesquisas e seminários internacionais.

— O Iphan vai dar o suporte inicial e depois vamos buscar financiamentos para estudantes com bolsas da iniciativa privada —— disse Francesco Bandarin, diretor do Centro de Patrimônio da Unesco.

Representantes de países que desenvolvem experiências semelhantes em Turim (Itália), na Andaluzia (Espanha) e no Bahrein (Oriente Médio), também participaram do debate sobre o centro de referência no Rio. Na avaliação do ministro da Cultura, Juca Ferreira, a troca de informações é fundamental: — O Brasil está saindo de um momento ensimesmado. O centro faz parte desse esforço — disse ele, que aproveitou o encontro para assinar um convênio de cooperação entre Brasil e Angola na área do audiovisual.

Outro desafio do setor é a não descaracterização dos sítios históricos já declarados patrimônios, que estão sujeitos às ações do homem e da natureza (terremotos e furacões). Segundo a Unesco, a América Latina é marcada por fracos planos de manejo, o que compromete, por exemplo, a preservação de Machu Picchu (Peru), Galápagos (Equador) e da brasileira Serra da Capivara, que ocupa quase 130 mil hectares da caatinga piauiense.

- A Serra da Capivara tem uma cultura pré-histórica, mas a pressão de comunidades carentes no entorno e o desconhecimento da população pode acabar com ela em poucos anos.

Brasília, por exemplo, tem um valor excepcional de cidade planejada, mas sofre pressão do tráfego rodoviário — disse Vincent Defourny, representante da Unesco no Brasil.

A solução proposta pelos especialistas passa pela integração da sociedade civil nos projetos de preservação.

— Se o governo não assumir a responsabilidade, vamos perder. É preciso ainda integrar a proteção do patrimônio cultural com o natural — disse o ministro da Cultura.

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