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Obra de restauração recuperará o aspecto original do Theatro Municipal, que faz 100 anos em 2009.
fonte: O Globo
terça-feira, 14 de outubro de 2008
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A obra de recuperação do Teatro Municipal está revelando características do prédio até há pouco desconhecidas.

Foram descobertos, por exemplo, adornos em ouro no telhado, que, com o tempo, haviam se perdido.

— Aparecia, nas fotografias em preto-e-braco das rotundas do telhado, uma luz que já desconfiávamos se tratar de ouro. Na águia, a mesma coisa. Descobrimos que é um folheado a ouro que acaba se desgastando com o tempo e com as intempéries. Nós o encontramos em diversos lugares do telhado. Nosso desejo é refazer todo esse folheado — afirmou Carla Camurati, presidente da Fundação Teatro Municipal.

Trabalhos fecham teatro ao público a partir de quarta As paredes internas do teatro também revelam surpresas.

As da chapelaria, por exemplo, já tiveram nove cores: bege, verde, azul, rosa, marrom claro, bege esverdeado, bege caramelo, verde e, finalmente, o atual bege escuro e sujo. Uma equipe está fazendo um trabalho de investigação para descobrir as tonalidades originais, a fim de orientar a restauração.

As obras dentro do teatro estão previstas para começar nesta quarta-feira, quando ele será fechado ao público. Especialistas pesquisaram em livros para formular o projeto de recuperação da casa. Entre as obras mais consultadas estava um exemplar de João do Rio repleto de fotos em pretoebranco.

— Quando o trabalho começar, já estarão decididas as partes que voltarão, ou não, para a cor original. O que chama a atenção é o fato de termos encontrado alguns ambientes em cores diferentes, verde e bege, onde hoje há apenas uma cor. Além disso, algumas pinturas foram completamente removidas, e outras estão escondidas nas camadas de tinta — contou o arquiteto Wallace Caldas.

Nem todas as descobertas foram comemoradas. Os restauradores encontram pelo menos dois buracos provocados por tiros no telhado da mais importante casa de espetáculos do Rio. Especialistas também suspeitam que o dano numa das asas da águia de cobre instalada sobre a cúpula tenha sido causado por uma terceira bala.

— A maneira como os buracos no cobre do telhado estão amassados pode indicar furo de bala. Num dos locais o projétil foi realmente achado.

Felizmente, a recuperação é tecnicamente simples — disse a restauradora Darlin Carvalho Matos.

Reforma completa está orçada em R$ 50,2 milhões O projeto Centenário já arrecadou R$ 63 milhões. A previsão é de que R$ 27,8 milhões deles sejam destinados às comemorações do 100 anos do edifício. A secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes, espera anunciar mais empresas para custear as obras, orçadas em R$ 50,2 milhões.

Há duas semanas, a Embratel assinou um contrato de patrocínio de R$ 4 milhões, que serão investidos na recuperação do teatro. Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Eletrobrás e Organizações Globo já participam do projeto e contribuíram, cada um, com R$ 15 milhões.

Metrô-Rio, Amil e Bradesco Seguros também têm cotas de patrocínio de R$ 500 mil a R$ 6 milhões.

— O Municipal é um dos maiores patrimônios culturais do Brasil — afirmou o governador Sérgio Cabral.

Entre os maiores interessados nos investimentos, os bailarinos esperam que haja mudanças no palco.

— Nosso palco não tem flexibilidade, espero que a modernização resolva este problema — disse o primeiro bailarino, Vitor Luiz.

Divididas em quatro etapas, as obras começaram em dezembro, com a descupinização e a recuperação do telhado.

Está em andamento a reforma dos sistemas elétrico e hidráulico. Começará nos próximos dias a restauração dos foyers, dos camarins e da sala de espetáculos.

A última etapa prevê a conclusão do restaurante Assyrius e da parte administrativa do prédio.

O Teatro Municipal foi inaugurado em 14 de julho de 1909 e foi construído com base num projeto arquitetônico de Francisco de Oliveira Passos, com a colaboração de Albert Guilbert. O desenho do prédio foi inspirado no da Ópera de Paris, concebido pelo arquiteto francês Charles Garnier. Todo o material usado na construção da casa de ópera carioca, dos mármores aos metais e vitrais, veio de navio da Europa.



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