Lixo da realeza brasileira se transforma em tesouro arqueol�gico

ter�a-feira, 24 de setembro de 2013

Um despejo do s�culo 19 revelou no Rio de Janeiro um grande tesouro arqueol�gico com centenas de milhares de pe�as, incluindo uma escova com uma alus�o ao imperador Dom Pedro II, que jogam luz sobre os costumes mais mundanos da elite da �poca da independ�ncia do Brasil.

Os arque�logos catalogaram cerca de 200 mil objetos em bom estado de conserva��o em seis meses de trabalho e acreditam que poder�o recuperar at� um milh�o de pe�as, no que poderia ser um dos maiores achados arqueol�gicos do Brasil, disse � Ag�ncia Efe o respons�vel pelas escava��es, Cl�udio Prado de Mello.

No acervo de pe�as encontradas est�o restos de cosm�ticos franceses, �gua mineral importada da Inglaterra e um frasco de col�nia com o curioso nome de "Anti-Catinga".

Tamb�m h� pratos e vasilhas de cer�mica, garrafas de licores e �gua, cachimbos com restos de tabaco, potes de porcelana com ung�entos e frascos com l�quido em seu interior, que poderiam ser produtos medicinais, segundo os arque�logos.

"Os frascos de perfume tinham uma est�tica pr�pria, com figuras e anima��es. Estes s�o mais simples, o que remete a produtos de herb�rio ou de farm�cia", explicou Mello, consciente que o enigma s� ser� decifrado com a ajuda de an�lise de laborat�rio.

Um dos objetos mais "importantes" achados no s�tio � uma escova de dentes com cabo de marfim, j� sem cerdas, com uma inscri��o em franc�s que diz "Vossa majestade o imperador do Brasil", o que, na opini�o de Mello, indica que pertenceu a Pedro II ou a algum membro da fam�lia real "muito pr�ximo a ele".

Tamb�m foram encontrados alguns artigos mais recentes, do in�cio do s�culo 20, como uma garrafa de brandy com forma de toureiro, cujo r�tulo intacto mostra que foi engarrafada na cidade espanhola de Masnou (Barcelona).

As escava��es mais profundas desencavaram objetos at� do s�culo 17, entre eles, alguns de manufatura ind�gena, como um raspador de s�lex e um cachimbo feito com um chifre, que contrasta com outros cachimbos muito diferentes que pertenceram ou aos colonizadores europeus ou aos escravos africanos.

Os europeus v�o desde simples cachimbos de caulim at� outros mais elaborados com cabe�as de personagens talhadas, enquanto os dos escravos estavam decorados com grafismos que se correspondem com as escarifica��es ou marcas corporais que se tatuavam as tribos africanas.

Os objetos achados s�o "basicamente lixo", mas t�m "uma dimens�o arqueol�gica muito grande" porque revelam detalhes mundanos que se desconheciam at� agora, que permitir�o estudar aspectos como a tecnologia da �poca ou at� as rela��es comerciais, segundo Mello.

"Naquela �poca n�o existia um sistema de coleta de lixo. As pessoas o enterravam em seus p�tios ou pagavam a um escravo para lev�-lo a algum lugar. Esta era uma �rea alagada e a Prefeitura tinha interesse em aterr�-la. Por isso, as pessoas jogavam materiais aqui", relatou o arque�logo.

O antigo despejo ficou enterrado tamb�m sob escombros de casas e de colinas que foram arrasados por ocasi�o dos planos de urbaniza��o realizado entre 1870 e 1920 na ent�o capital brasileira, conhecidos pelos historiadores como "a era das demoli��es".

O terreno, apesar de estar em pleno centro de Rio, por sorte ficou baldio, primeiro por estar perto da ferrovia, �s portas da esta��o da Leopoldina, hoje abandonada, e depois, por ficar sob o tra�ado de uma estrada elevada sobre um viaduto.

Os arque�logos fizeram a descoberta no in�cio deste ano, quando se iniciaram no local obras relacionadas com a expans�o do metr�.

Devido a essas obras, que se prolongar�o at� 2016, os arque�logos tiveram que interromper as escava��es e ter�o que esperar tr�s anos para voltar a abrir as funda��es.

Ent�o prosseguir�o com os trabalhos para recuperar o "lixo" dos herdeiros da Casa de Bragan�a, a dinastia portuguesa, nos anos que fizeram do Brasil um Imp�rio, quando nem imaginavam o valor que teriam seus res�duos.

Fonte: Ag�ncia EFE http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/2013/09/lixo-da-realeza-brasileira-se-transforma-em-tesouro-arqueologico.shtml

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