Tombo [RODRIGO BRAGA] : rioecultura

Tombo [RODRIGO BRAGA]

Abertura: 1 de abril de 2015

Encerramento: 24 de maio de 2015

Com curadoria de Thais Rivitti, essa � a primeira exposi��o individual do artista no Rio.
Conversa aberta: 29 de abril de 2015, �s 19h, com o artista Rodrigo Braga e a curadora Thais Rivitti.
Visita guiada: 2 de maio, �s 16h30, com o artista Rodrigo Braga.

rioecultura EXPO Tombo [RODRIGO BRAGA]

Rodrigo Braga criou a instala��o �Tombo� especialmente para o v�o central da Casa Fran�a-Brasil. Ali, estar�o dispostas no ch�o mais de 15 toras de aproximadamente cinco metros de comprimento cada, segmentadas de cinco palmeiras imperiais centen�rias. �Tombo� provoca uma imediata rela��o com as 24 colunas internas do espa�o, um dos marcos neocl�ssicos do pa�s, constru�do em 1820 pelo arquiteto franc�s Grandjean de Montigny (1776-1850), para ser a Pra�a do Com�rcio, em determina��o de Jo�o VI.

A curadora Thais Rivitti observa que �as toras de �rvore ca�das, dispersas pelo espa�o desordenadamente, e as colunas do pr�dio, constru�das de forma regular e ritmada, criam entre si uma s�rie de rela��es de aproxima��o e de distanciamento que se desdobram em v�rios sentidos�. �Em primeiro lugar, o trabalho recoloca em discuss�o o par �natureza e cultura�: a natureza aparece nas palmeiras em seu estado bruto, e a cultura na arquitetura neocl�ssica da qual as colunas s�o parte importante�.

Ela lembra que foi justamente Jo�o VI, chegado ao Rio em 1808, quem plantou no rec�m-inaugurado Horto Real, atual Jardim Bot�nico, o primeiro exemplar da palmeira Roystonea oleracea, por isso batizada de imperial. As sementes, nativas do Caribe, chegaram �s m�os do Rei trazidas das Ilhas Maur�cio, ent�o col�nia francesa no Oceano �ndico. Na �poca buscava-se adaptar ao Brasil esp�cies estrangeiras. Da mesma forma que a palmeira, as colunas da Casa Fran�a-Brasil tamb�m representam esta tentativa de �aclimata��o�. �Revestidas por uma pintura que imita m�rmore, mostrando o car�ter problem�tico e posti�o da importa��o de estilos e modos de vida, as colunas da Casa Fran�a-Brasil revelam ao visitante as adapta��es do neocl�ssico no pa�s�, explica.

rioecultura EXPO Tombo [RODRIGO BRAGA]

CONSTRU��O SIMB�LICA DO BRASIL

�Gosto muito de hist�ria, gosto muito da natureza, e ao chegar ao Rio minha aproxima��o, meu gosto pela cidade, veio da observa��o da arquitetura hist�rica e das palmeiras�, conta Rodrigo Braga. �Essas palmeiras centen�rias da cidade passaram por todos os per�odos pol�ticos, est�o a� h� cerca de 150 anos�. �Sua casca, seu caule trazem impregnados um pouco da cidade. S�o um reflexo, um espelho, e a cidade cresceu em torno delas, se modificou, e elas permaneceram�.

Ele destaca que as palmeiras, inicialmente, eram �um projeto da Coroa, do Imp�rio�. �As palmeiras s� podiam ser plantadas em pr�dios p�blicos ou em casas da corte. Essas sementes da palma mater do Jardim Bot�nico eram protegidas, pois s� o Rei dizia quem poderia plantar�. Em seguida as sementes passaram a ser vendidas clandestinamente, sendo adquiridas e cultivadas por nobres n�o apenas no Rio como em outras capitais e no interior, principalmente nas sedes das fazendas, as palmeiras eram plantadas em aleias, como s�mbolo de poder. �Era ainda o in�cio da defini��o do que seria p�tria brasileira, o rei tinha acabado de chegar. Enquanto a Europa estava lidando com uma situa��o mais urbana, o Brasil era esse pa�s imenso em termos de territ�rio, com uma natureza gigante, exuberante, e a palmeira, mesmo sendo uma planta ex�gena, estrangeira, entrou simbolicamente para valorizar isso, e coube muito bem nesse projeto de constru��o simb�lica do Brasil�.

rioecultura EXPO Tombo [RODRIGO BRAGA]

RU�NAS E TRANSFORMA��O

Uma das salas laterais da Casa Fran�a-Brasil ser� ocupada por uma videoinstala��o com imagens do processo de corte e retirada das palmeiras, j� condenadas, no Horto, zona sul do Rio. Rodrigo Braga comenta que o t�tulo da exposi��o remete �ao desastre, ao tombo pela ru�na ou pelo envelhecimento�. �Esta rela��o de perda, de envelhecimento, de queda, ou de derrubada deliberada pelo homem, de certa forma se relaciona com meus trabalhos anteriores, em que h� este limite de tens�o entre o que � a for�a da natureza e a for�a do homem, essa quebra de bra�o entre o que o homem � capaz de fazer com a natureza e de como a natureza � capaz de reagir�. �Mas tamb�m se relaciona com mudan�a, transforma��o, ciclo natural, de fim e recome�o�, diz. �Gosto de ver esta dimens�o especulativa do trabalho, da imagina��o das pessoas, qual leitura v�o ter�.

Na outra sala lateral estar�o refer�ncias hist�ricas, como plantas arquitet�nicas da antiga Pra�a do Com�rcio, desenhos de bot�nica, relatos de viajantes, e cr�nicas da �poca, como a do escritor franc�s Charles Ribeyrolles que, em 1858, descreve as palmeiras imperiais do Jardim Bot�nico �como uma sala em um pal�cio, como se fossem colunas elegantes, fazendo esta rela��o entre palmeira e arquitetura�.

SOBRE O ARTISTA
Nascido em Manaus em 1976, Rodrigo Braga logo mudou-se para Recife, onde graduou-se em Artes Pl�sticas pela UFPE (2002). Atualmente vive no Rio de Janeiro. Exp�e com regularidade desde 1999 e em 2012 participou da 30� Bienal Internacional de S�o Paulo. Em 2009 recebe Pr�mio Marcantonio Vila�a � Funarte/MinC; em 2010 o Pr�mio Marc Ferrez de Fotografia, em 2012 o Pr�mio Pipa/MAM-RJ Voto Popular e em 2013 o Pr�mio MASP Talento Emergente. Possui obras em acervos particulares e institucionais no Brasil e no exterior, como MAM-SP, MAM-RJ e Maison Europ�ene de La Photographie, Paris.

Local:
Casa França-Brasil
Rua Visconde de Itaboraí, 78
Centro
(21) 2253-5366

Funcionamento:
De terça a domingo, das 10h às 20h

Ingresso:
Entrada franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.