|
| Abertura: 1 de fevereiro de 2014 |
| Encerramento: 28 de fevereiro de 2014 |
No fim da tarde, o céu do Complexo do Alemão do Rio de Janeiro é colorido por pipas. Uma cena tão presente no cotidiano dos moradores encanta o jovem artista Luca Wyss, de 26 anos. Formado em Paris, com trabalhos na França, Turquia e Argentina, ele chegou à cidade no início de janeiro para mergulhar na cultura da comunidade. O resultado é a exposição Pipas Avoadas, realizada dentro do Barraco 55, com curadoria do carioca Thainã de Medeiros.
Por trás da vareta de madeira, do papel e da linha, Luca enxerga poesia. "Fiquei observando e percebi que é como uma dança. O movimento dos braços, com os olhos presos no céu", descreve com sentimento de uma criança descobrindo o novo mundo. Foram inúmeras conversas no topo de lajes e tentativas de empinar as pipas. Os bate-papos informais viraram um documentário exibido na exposição que contará com um acervo pessoal de pipas, colecionadas ao longo de janeiro.
"O desafio era fazer uma mostra sobre algo que todos já sabem. O diferencial é o olhar de Luca. Ele fez uma análise muito interessante da pipa como ferramenta de interação na rua e no céu, que ultrapassa os limites da terra", explica o curador. Em tempo de computador e videogame, crianças, jovens e marmanjos ainda cultivam o hábito.
Luca saiu de Buenos Aires, onde mora atualmente, para conhecer o Barraco 55 depois de ouvir histórias do local de um amigo colombiano.
A casa funciona na Rua da Assembléia, 19, no Complexo do Alemão, e é muito mais que um Centro Cultural: ali reúnem-se artistas e pesquisadores que têm a comunidade como objeto de estudo. Com a moradia dentro da pesquisa, fica mais fácil. "Eu quase não saio muito pela cidade. Quando comecei a caminhar dentro do Complexo e ver os meninos soltando pipa, logo me interessei. Não para trabalhar, para brincar mesmo. Mas aos poucos fui descobrindo que era muito mais do que um jogo”, conta Luca.
Como artista, Luca atingiu o objetivo. Como soltador de pipa, nem tanto. O francês recebeu apelido de mula, por não ter dominar a técnica.
Abrindo portas e mentes
O Barraco 55 saiu das ideias de Eddu Grau, morador do Alemão, e Ellen Sluis, pesquisadora do lugar, que se uniram em 2013. Iniciativas sociais, sustentáveis, artísticas e acadêmicas são bem vindas. O objetivo principal é a troca de conhecimentos entre morro e asfalto, o Complexo e o mundo.
"É preciso criar olhares alternativos, com outras vivências e histórias. Às vezes, pesquisadores vinham e passavam uma semana. Não dá pra conhecer bem um lugar nesse tempo. Mais um motivo para montarmos a residência”, diz Eddu. Ele ainda observa diferença entre cariocas e pessoas de outros estados ou países quanto aos conceitos pré-estabelecidos sobre o lugar. Segundo Eddu, residentes de fora estão mais abertos e acabam trabalhando com questões inusitadas.
Além de abrigar projetos de fora para dentro, o Barraco promove eventos de música e cinema, aulas de inglês e auxilia na renda dos moradores com hospedagem alternativa.
 |
Local:
Barraco #55
Rua da Assembleia n°9 - Complexo do Amelão
Bonsucesso
(21) 7184-4850 /
Funcionamento:
Agende sua visita pelo e-mail nos@barraco55.org
Ingresso:
Entrada Granca
Atenção: os horários
e a programação podem ser alterados pelo
local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável
confirmar as informações por telefone antes
de sair. |
|
|
