Meu Bem [Beatriz Milhazes] : rioecultura

Meu Bem [Beatriz Milhazes]

Abertura: 29 de agosto de 2013

Encerramento: 27 de outubro de 2013

Ap�s onze anos, Beatriz Milhazes volta a expor no Rio de Janeiro. No pr�dio hist�rico localizado no centro da cidade, a mais abrangente mostra panor�mica de sua produ��o, reunindo mais de 60 obras, entre pinturas, colagens e gravuras, al�m de um grande m�bile concebido especialmente para o espa�o.

rioecultura Beatriz Milhazes

Com patroc�nio do Banco Ita� e da empresa norueguesa de energia Statoil, curadoria do cr�tico franc�s Fr�d�ric Paul e realiza��o da Base7 Projetos Culturais, a exposi��o Meu Bem apresentar� um conjunto dos trabalhos mais marcantes da artista desde o final dos anos 1980, provenientes de diversas cole��es p�blicas e particulares, do Brasil e do exterior.

As �ltimas grandes exposi��es institucionais de Beatriz Milhazes no Brasil aconteceram em 2002 (CCBB-RJ) e 2008 (Pinacoteca do Estado � SP). Apesar de a artista ter continuado a expor sua produ��o recente em mostras espor�dicas em sua galeria paulistana, intercalando-as com uma movimentada agenda internacional, Meu Bem � uma oportunidade �nica de rever obras hist�ricas, conhecer os �ltimos desdobramentos de sua produ��o e identificar neste vasto conjunto alguns dos fios condutores, procedimentos e estrat�gias compositivas que a tornaram um dos grandes destaques da arte contempor�nea no mundo neste in�cio do s�culo XXI. Ao longo dos �ltimos anos, ela participou de diversas bienais, como as de Veneza e de S�o Paulo, e realizou 30 individuais em onze pa�ses, com destaque para as da Funda��o Calouste Gulbenkian (Lisboa) e da Fondation Cartier (Paris), al�m de dezenas de coletivas, entre elas a mostra The Encounters in the 21st Century: Polyphony - Emerging Resonances, no 21st Century Museum of Contemporary Art (Kanazawa, Jap�o).

� poss�vel apontar como aspectos mais evidentes de sua obra a intensa rela��o com a arte popular brasileira, o di�logo com segmentos de arte aplicada, entre eles o artesanato e o bordado, bem como uma proximidade f�rtil com tr�s momentos importantes da hist�ria da arte brasileira: o barroco, a antropofagia e o tropicalismo. S�o tamb�m aspectos centrais da obra de Beatriz Milhazes a organicidade das formas e o intenso jogo crom�tico, que estabelecem uma rela��o de complementaridade e contraste com uma estrutura compositiva cada vez mais rigorosa. �Ela reivindica la�os fortes com a modernidade europeia e est� em p� de igualdade na cena contempor�nea, na qual abala os c�digos muitas vezes pouco s�bios da abstra��o�, sintetiza Fr�d�ric Paul.

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Pode parecer estranho atribuir o termo �abstra��o geom�trica� a uma pintura t�o sensual. Mas como explica a artista, os elementos pr�prios desse universo mais rigoroso e formal tamb�m fazem parte do seu repert�rio, da mesma forma que aqueles provenientes de campos como a arte popular e o design. Al�m disso, �na solid�o do ateli�, o que funciona � forma, cor, estrutura, composi��o: quest�es claramente ligadas � pintura abstrata e � geometria. A flor funciona enquanto cor e enquanto forma�, acrescenta ela.

O percurso da exposi��o tem vi�s cronol�gico. Paul, que h� tempos acompanha a produ��o da artista, procurou delinear um amplo panorama, que mais parece um passeio, entre 1989 e o momento atual. Logo de in�cio estar�o, lado a lado, a tela Me perdoa, te perd�o, de 1989, e Lavanda, de 2012/2013. Al�m de explicitar o intervalo de 24 anos contemplado pela mostra, os dois trabalhos tamb�m evidenciam como � rico, diverso e ao mesmo tempo coerente o percurso trilhado por Beatriz Milhazes. N�o � casual a escolha do ano de 1989 � quatro anos ap�s sua primeira exposi��o individual e momento j� um tanto distante das primeiras experi�ncias que a notabilizaram como uma das figuras centrais da chamada �Gera��o 80� � como marco inicial. � a partir da� que a artista aprimora sua t�cnica e passa a explorar um sistema an�logo ao do decalque. A tinta passa a ser aplicada sobre uma superf�cie pl�stica, criando finas epidermes de pintura que s�o posteriormente �coladas� e sobrepostas na tela. Esse tipo de procedimento lhe permite um maior controle sobre o processo de composi��o, reduzindo drasticamente a gestualidade.

As obras dos anos 2000, per�odo de maturidade e de investimento em caminhos paralelos � pintura � como a colagem, a produ��o gr�fica e os grandes projetos institucionais, de rela��o com o espa�o tridimensional � t�m um peso maior na sele��o. � tamb�m a partir desta d�cada que Beatriz Milhazes parece acentuar a busca pelo contraste entre tramas geom�tricas mais rigorosas e elementos figurativos de grande apelo visual como flores, mandalas, rendas, p�rolas e bordados.

Um segundo movimento de mudan�a, que aponta para uma maior depura��o das pinturas, se faz sentir nos trabalhos mais recentes, realizados ap�s 2010. Pertence a esse novo grupo a s�rie Gamboa Seasons, um dos destaques da exposi��o. S�o quatro telas realizadas pela artista para a Funda��o Beyeler, em Basel, na Su��a, numa experi�ncia in�dita para a artista de trabalhar com um tema predeterminado e que, al�m de tudo, � bastante difundido na hist�ria da arte: as quatro esta��es do ano. Ela confessa sempre ter tido fasc�nio por essas transforma��es atmosf�ricas, com implica��es sobre as cores, as pessoas, a natureza... Ao iniciar o trabalho, no entanto, ficou evidente que sua pr�pria experi�ncia era diversa daquela dos pa�ses temperados. No Rio, cidade onde vive e trabalha, essas diferen�as s�o mais sutis. O resultado soma 15 metros de comprimento, no qual o ver�o � esta��o alta nos tr�picos � tem grande proemin�ncia (5,0 x 3,0 metros). A escala e a exuber�ncia crom�tica e gr�fica v�o diminuindo, juntamente com o encolhimento progressivo das telas correspondentes � primavera e outono, at� chegar num inverno magro, verticalizado, de apenas 2 metros de comprimento. �Esta � uma �poca estranha no Rio, em que o carioca n�o sabe o que fazer�, brinca.

rioecultura Beatriz Milhazes

O t�tulo, Gamboa Seasons, � � como comumente se d� na obra da artista � uma reafirma��o po�tica de seu pertencimento a esse contexto cultural espec�fico. Gamboa � um bairro t�pico do Rio de Janeiro, onde se faz o carnaval carioca. O termo tamb�m foi apropriado por ela para nomear sua primeira grande pe�a tridimensional, um m�bile que nasceu de uma pe�a constru�da para o cen�rio do espet�culo de dan�a Tempos de Ver�o, de sua irm� Marcia Milhazes, que acabou adquirindo diferentes formatos at� a �ltima e derradeira vers�o de 7 metros de comprimento por 3 de altura, atualmente em Basel, na Su��a.

Para o Pa�o Imperial, Beatriz concebeu um novo projeto. Desta vez ser�o cinco m�biles, feitos com os mesmos elementos da obra anterior e que parecem sa�dos de suas telas para ocupar e dinamizar o espa�o (flores, mi�angas, contas e outros elementos decorativos). A artista explica que essas pe�as �estabelecem uma conversa com a pintura, t�m essa conex�o caracter�stica do meu trabalho com a arte popular�.

Local:
Pa�o Imperial
Pra�a XV de Novembro, 48
Centro
(21) 2533-4491

Funcionamento:
De 3� feira a domingo, das 12h �s 18h

Ingresso:
Entrada franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.