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Abertura: 29 de junho de 2013 |
Encerramento: 15 de setembro de 2013 |
Imigrante, lavrador e fotógrafo, Haruo Ohara (1909-1999) nasceu no Japão e emigrou aos 17 anos para o Brasil com os pais e irmãos. Cultivou a terra ao longo de boa parte de sua vida adulta com dedicação e arte – simultaneamente, fotografou sua vida e a de seus familiares. A obra de Ohara, alinhada com a fotografia moderna e humanista de meados do século xx, contribui para mostrar que alguns dos antagonismos da cultura brasileira, como aquele que contrapõe o campo e a cidade como símbolos do arcaico e do moderno, herança de nosso período colonial extrativista e escravocrata, não resistem ao surgimento de um novo personagem histórico na passagem do século xix para o xx: o imigrante europeu ou asiático, que renova cultural e economicamente o país a partir do campo e que, no caso específico de Ohara, encarna tanto o homem da terra como o homem da cultura.
A exposição apresenta marcantes imagens documentais e humanistas da família de Haruo Ohara, da região em que viveu (norte do Paraná) e do mundo do trabalho associado à abertura da nova fronteira agrícola dessa região pelos imigrantes japoneses e de outras nacionalidades que para lá acorreram.
“Da mesma maneira que os frutos da terra, as fotografias produzidas por Haruo reunidas nesta mostra também exigiram seu próprio tempo de processamento e maturação”, explica o curador Sergio Burgi. “A emoção do fotógrafo em ver sua intuição de uma determinada cena lentamente materializando-se no papel fotográfico, processado na penumbra do laboratório, certamente foi semelhante à emoção do lavrador Haruo, que, na luz atenuada do amanhecer ou do entardecer, contemplava o esforço de seu trabalho desabrochando em flor e fruto em seus campos cultivados”, acrescenta.
O trabalho de Haruo aponta para o fato de que, mesmo em um momento de forte transformação e aceleração tecnológica – a urbanização crescente do Brasil na época –, talvez apenas o tempo real de maturação das flores, frutos e filhos fortemente representados em sua obra fotográfica seja também o tempo real e necessário para a criação artística.
Brincadeira no canteiro de flores, c. 1950.
Chácara Arara, Londrina - PR
Programação especial: visita guiada, debate e filmes
Também ocorre, paralelo a exposição, programação especial em torno da obra de Haruo Ohara, fotógrafo cujas podem ser vistas no IMS-RJ. No dia 14, domingo, às 17h30, Sergio Burgi, curador da exposição e coordenador do acervo fotográfico do IMS, fará uma visita guiada aberta ao público. Às 19h30 serão exibidos os filmes Haruo Ohara (Brasil, 2010. 16´) e Satori Uso (Brasil, 2007.17´), ambos dirigidos por Rodrigo Grota. A sessão será seguida de um debate com Bruno Gehring, produtor dos filmes, Saulo Ohara, neto de Haruo e também fotógrafo, e curador Sergio Burgi. Os filmes serão exibidos novamente no cinema do IMS-RJ no dia 27 e 28 de julho (sábado), às 18h. A entrada é franca.
Haruo Ohara no Instituto Moreira Salles:
Por decisão da família do fotógrafo, seu acervo foi doado ao Instituto Moreira Salles em janeiro de 2008 e passou então a ser tratado e preservado na Reserva Técnica Fotográfica do IMS no Rio de Janeiro. O acervo é composto por cerca de oito mil negativos em preto e branco, dez mil negativos coloridos, dezenas de álbuns e centenas de fotografias de época, além de equipamentos fotográficos, objetos, documentos pessoais, diários e livros. A guarda desse conjunto permite um estudo aprofundado da obra do fotógrafo e de sua trajetória como imigrante e pequeno agricultor de Londrina. |
Local:
Instituto Moreira Salles (IMS)
Rua Marquês de São Vicente, 476
Gávea
(21) 3284-7400
Funcionamento:
De 3ª feira a domingo, das 13h às 20h
Ingresso:
Entrada e estacionamento gratuitos
Atenção: os horários
e a programação podem ser alterados pelo
local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável
confirmar as informações por telefone antes
de sair. |
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