Alexandre Mazza – Entre o fenômeno e o monumento: Das manifestações da memória universal
rioecultura : EXPO Alexandre Mazza – Entre o fenômeno e o  monumento: Das manifestações da memória universal : Luciana Caravello Arte Contemporânea
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Abertura: 26 de agosto de 2013
Encerramento: 28 de setembro de 2013
Com curadoria de Bernardo Mosqueira, autor do texto da publicação que acompanha a exposição, a mostra ocupa integralmente os três andares da Luciana Caravello Arte Contemporânea, na maior mostra já realizada na galeria. Serão 24 obras e duas instalações, incluindo um site specific feito em néon na árvore em frente à galeria.

O artista se dedicou integralmente, nos últimos seis meses, à produção do trabalho, que teve como ponto de partida “a memória e o esquecimento”, para então se desenvolver em memórias afetivas e coletivas, universais. Para o curador, “Alexandre Mazza vem se empenhando em decifrar o que podem os nossos olhos no encontro com o que podem as coisas, e, nesta exposição, nos entrega ao domínio de um universo que nos captura não apenas pelo que vemos, mas por nossa incapacidade de evitar a imaginação”. Bernardo Mosqueira destaca que “este é o resultado da atual pesquisa do artista, que trata de investigar como a aplicação de diferentes técnicas poderia gerar canais para manifestações de uma memória universal presente nos homens e nos materiais”.

“Para produzir as obras da exposição, Mazza explorou diversos materiais e técnicas, tendo o preciosismo como regra e reunindo diversas equipes de especialistas”, ressalta.

rioecultura EXPO Alexandre Mazza – Entre o fenômeno e o  monumento: Das manifestações da memória universal

Desta maneira, a série “Espectros”, que abrange oito trabalhos que remetem a pequenas catedrais, o artista convocou um requisitado especialista na arte de soprar e trabalhar o vidro, nos mesmos moldes dos procedimentos usados nas construções e restaurações das catedrais góticas europeias e americanas. Seguindo à risca os desenhos feitos por Mazza inicialmente à mão e depois calculados no computador, Luigi Nunes, o requintado artesão, construiu vitrais em vidro Antique alemão, formando paredes e tetos das estruturas. Dentro, poderão ser vistos pequenos bancos de igreja em acrílico. Em determinada posição, o espectador se verá refletido na obra. “É como se cada pessoa fosse ou contivesse sua própria igreja”, observa Alexandre Mazza.

A exposição é marcada por uso de espelhos e projeções ao infinito. “Ao situar e iluminar um objeto entre duas superfícies refletoras, o artista nos provoca a impressão de estarmos de frente a um buraco infinito no qual podemos ver uma série de objetos idênticos e alinhados, que se tornam mais visíveis ao se aproximarem da extremidade mais iluminada, ou menos visíveis, ao se afastarem em direção à escuridão”, explica Bernardo Mosqueira.

Este fenômeno se dá na série “Ágatas” (2013), em que cinco peças compostas por caixa de madeira, esferas de ágata, espelhos e LEDs, presas à parede, parecem planetas soltos no espaço, refletidos ao infinito. “No delírio proposto, não sabemos se somos gigantes diante de janelas para o universo, ou se vemos pequenos planetas surgirem misteriosamente diante de nossos olhos”, observa o curador. Ele explica que “a escolha por ágatas se deu não apenas por seus formatos, mas, também, por esse tipo de pedra ter forte relação com a história da magia na antiga Pérsia e do misticismo na Europa. Uma variação desses trabalhos teve inspiração na forma da constelação de Plêiades, associando oito esferas de ágata de mesmo tamanho com uma pequena pentagonita, tipo de rocha descoberta há menos de cinquenta anos, e que teria o poder de aumentar nossas capacidades de criação”.

Ainda no térreo, em uma sala menor, estará a obra “Célula”, uma esfera de resina de vidro, com 40 centímetros de diâmetro e 50 quilos, feita sob encomenda na China. A esfera receberá uma série de projeções de imagens, de modo a que o espectador “não saberá se está diante de um planeta, ou de uma célula microscópica”, provoca o artista. “A ambiguidade está na dúvida entre o encolhimento do macro, ou a ampliação do micro”, diz.

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No segundo andar da galeria, a obra “Todas em uma” traz pela primeira vez uma animação criada pelo artista, e desenvolvida por Orlando Ávila. Parado em um sinal de trânsito na Avenida Rio Branco, Mazza percebeu que as pessoas que atravessavam a rua, independentemente de sua condição social, gênero, biotipo, e apesar de serem inteiramente diferentes entre si, traziam o mesmo semblante, opaco, inerte. A sensação provocada resultou na obra composta por uma caixa de madeira com vidro, tendo à frente uma placa de acrílico com formas vazadas, que é atravessada por imagens de pessoas caminhando.

Criada a partir de uma válvula de rádio dos anos 1950, de 40 centímetros de altura, “Usina” resgata um elemento caro ao artista, a água. Colocada entre dois projetores que “derramam” sobre ela imagens de quedas d’água, a válvula parece, ela mesma, conter as cachoeiras. “A água é elemento primordial, está associada ao planeta”, destaca Mazza. Luz e eletricidade fazem parte essencial da pesquisa do artista, que observa que a água é uma das fontes de energia elétrica.

Na série “Encontros”, composta por cinco obras, Mazza construiu pequenas estruturas semelhantes a casas. Na primeira delas, toda de acrílico, uma projeção por baixo cria desenhos. As outras foram construídas por um especialista em maquetes, Carlos Silva, rigorosamente reproduzindo os desenhos criados por Mazza no computador. Dentro de cada uma das peças, duas pequenas cadeiras de acrílico são colocadas uma em frente à Ocupando 3m de largura, dois de altura e 2,5m de comprimento na sala menor do terceiro andar, a instalação “Casa”, construída com policabornato transparente, parecerá respirar, sendo seguidamente tomada e esvaziada por uma fumaça branca provocada por vapor de Alexandre Mazza convidou o designer Zanine de Zanini a construir com ele a obra “Memórias”, uma miniatura do site specific homônimo realizado na árvore em frente à galeria. Com piso de ipê de demolição, néon, galhos de jabuticabeiras quimicamente tratados, e musgo artificial criam a ilusão de uma casa onírica.

No início do processo da criação dos trabalhos, e da pesquisa movida pela ideia de memória e esquecimento, tanto subjetivas como relativas a materiais, a casa na árvore, memória de infância, se impôs a Alexandre Mazza. Usando o néon, elemento essencial em sua obra, o artista criou a obra “Memórias”, uma casa com estrutura de ferro construída na árvore em frente à galeria, com 2mx2,5mx2m de dimensão.

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Sobre ALEXANDRE MAZZA

Alexandre Mazza nasceu no Estado do Paraná, em 1969, e está há 30 anos radicado no Rio, onde vive e trabalha. Com formação musical, trabalhou durante 18 anos como baixista e compositor. Neste momento, passou a se interessar pela luz e a eletricidade, e, em 2008, Mazza passa a se dedicar somente ao que chama de “multiplicação da luz”, utilizando diversos materiais, tais como espelhos, vidros, metais, lâmpadas, acrílicos e madeira.

Tem verdadeiro fascínio pela ilusão de ótica, seus trabalhos não são estáticos, o artista os denomina como “arte elétrica viva”, utilizando luz quente e fria, sempre com duas visões da obra: “ligada e desligada”.
Local:
Luciana Caravello Arte Contemporânea
Rua Barão de Jaguaripe, 387
Ipanema
(21) 2523-4696

Funcionamento:
de 2ª a 6ª feira, das 10h às 19h
sábados, das 10h às 14h

Ingresso:
entrada franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.