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Abertura: 17 de dezembro de 2010 |
Encerramento: 13 de março de 2011 |
A mostra possui uma face inesperada da trajetória de Ernesto Neto: fotografia projetada sobre a parede, mídia ainda não exibida pelo artista e imagens nunca mostradas antes em qualquer outro formato. São seis projeções, cada uma com 100 a 200 imagens.
Esta exposição encerra os dois anos de curadoria de Ligia Canongia na Galeria Laura Alvim, por onde passaram exposições de José Damasceno, Janaina Tschäpe, Laura Lima, Angelo Venosa, Luiz Zerbini, Antonio Dias, Marcelo Solá, Enrica Bernardelli e Vik Muniz, desde março de 2009.
Ao invés de esculturas penetráveis, que atraem a participação e a intimidade do público, e com as quais se firmou no cenário nacional e internacional, Neto aventura-se na fotografia, com olhar de pintor. Tanto assim que ele chama esta produção inédita de "pintura", entre aspas.
Nas palavras do artista, "será uma mostra fotográfica, porém cinefotográfica, composta de audiovisual sem áudio, slide show sem slide, fotogramas digitais projetados sobre a parede. Na projeção, os amigos, colegas, parceiros conhecidos, vizinhos, desconhecidos, passantes, ilustres seres vivos cheios de alma e de vida, correndo, andando, dançando, vivendo no meu entorno, assim como eu no entorno deles, e assim como todos nós protagonistas do mundo da nossa fantasia e do nosso dia a dia."
Para curadora Ligia Canongia, as fotos "dissolvem o contorno das coisas, saturam os tons da realidade, deixando apenas vestígios de personagens e paisagens. Tendendo à abstração, lembram as cenas vaporosas de Turner, as deformações de Bacon ou as transparências de Rothko".
A imagem fotográfica de Neto busca a dispersão do limite dos registros. Em várias delas, os corpos, os gestos, a paisagem parecem se derreter, sem permitir um "reconhecimento" da realidade, mas permitindo as cores vibrarem.
Ernesto Neto altera a "realidade" da imagem pelo excesso ou ausência de luz ou pela longa exposição que torna o conteúdo transparente para retirar-lhe o que chama de "realismo agressivo". Assim modifica a realidade dura ao "exagerá-la, diluí-la, borrá-la, para que a luz se manifeste, nos retirando do comum", diz ele.
A origem das fotografias é despretensiosa. São afetivas e feitas para apreender aquele momento, em que "o fotógrafo, na sua solidão, acaba se relacionando social e temporalmente com os outros, através dessa absorção de imagens, desse devoramento de momentos de luzes e de seres". São fotos que não existem isoladas, apenas em sequência, em cinema. Elas são projetadas na mesma ordem em que foram clicadas. A única edição a que foram submetidas é a retirada de uma ou outra foto do conjunto.
Neto não usou o photoshop em nenhuma das imagens. Ele considera que alterá-las seria "uma imposição do gosto que retiraria toda a sua lógica interior no sentido processo-sensual, no sentido da ideia de sequência, que já vem impregnada na cadência interior", argumenta.
Canongia considera a fotografia o veículo ideal para Neto "segurar o tempo das vivências, fixar suas impressões e tornar esse percurso uma permanência". A imagem estática, porém, não seria suficiente para descrever a sucessão de acontecimentos que interessavam ao artista. Daí criar um "quase-cinema", através da projeção luminosa contínua.
Ernesto Neto nasceu em 1964. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Começou sua carreira nas artes plásticas como escultor, com rápido reconhecimento no circuito internacional. Seus trabalhos têm sido apresentados em instituições importantes, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, o Panthéon de Paris e a Tate Gallery, em Londres, além das bienais de São Paulo, Veneza, Liverpool e Sidney.
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Local:
Casa de Cultura Laura Alvim
Avenida Vieira Souto, 176
Ipanema
(21) 2267-1647
Funcionamento:
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Ingresso:
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Atenção: os horários
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