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Abertura: 14 de dezembro de 2010 |
Encerramento: 30 de janeiro de 2011 |
A mostra reúne telas do acervo do físico, crítico de arte e colecionador pernambucano Mario Schenberg (1914-1990), doadas ao acervo do Museu, em 1983, durante a gestão da escritora, poeta, museóloga, historiadora da arte e antropóloga Lélia Coelho Frota (1938-2010) no então Instituto Nacional do Folclore, hoje CNFCP.
A mostra é uma homenagem a Lélia Frota, em cuja gestão ocorreram as transformações conceituais que redirecionaram a ação do Instituto. De lá para cá, o Museu de Folclore Edison Carneiro ganhou prestígio e importância, e sua atuação integrada ao CNFCP permite o desenvolvimento do programa de exposições temporárias da Galeria Mestre Vitalino.
Será a primeira vez que essas obras estarão expostas em conjunto. A coleção inclui obras de arte primitivistas, entre telas e desenhos, de A. Peixoto, Agostinho Batista de Freitas, Aloisio Lucas Siqueira, Agostinho de Freitas, Bajado (Euclides Francisco Amâncio), Farid Gerber, Descartes Marques Gadelha, Edson Pereira Lima, Ernesto Meyer Filho, Djanira Maria Volpi, Elza Maria de Souza, Ivoneth Gomes Miessa, Lourdes Guanabara (Maria de Lourdes Araújo), Marcia Tabôa, Maria Isabel dos Santos, Mozinha (Guiomar Job Guerra), Neuton Freitas de Andrade, Violette Fernezlian, Pery (Pedro Ricardo Soares de Oliveira), Raquel Kambinda (Raquel Trindade de Souza), Rita, Waldomiro de Deus, entre outros. O termo "primitivista" serve para definir um tipo de arte não acadêmica, feita por artistas autodidatas, com pouco ou nenhum conhecimento técnico ou teórico, que se caracteriza por uma certa simplificação formal, no uso da perspectiva, por exemplo, de temática normalmente popular.
A exposição foi planejada como uma edição especial com a curadoria de Lélia Frota, que comungava com Schenberg interesses comuns na análise e na crítica da arte e sua importância cultural e política na formação da sociedade brasileira. Infelizmente, devido à sua saúde debilitada não lhe foi possível dar prosseguimento ao projeto inicial, concretizado agora pelo CNFCP em sua homenagem em reconhecimento pelo muito que contribuiu com ideias e questionamentos, com artigos e discussões, com projetos e posturas, para a cultura do país.
Mario Schenberg constituiu sua coleção de pintura em meio às atividades científicas da teoria da física e da atuação no campo da política, onde foi eleito duas vezes para deputado estadual pelo Estado de São Paulo (pelo PCB em 1946 e pelo PTB em 1962) embora nunca tenha exercido mandato porque foi cassado nas duas ocasiões. Impregnado pelos estudos da arte e envolvido com expoentes das artes e da cultura brasileira, entre os quais Volpi e Oswald de Andrade, propagou o entendimento integrado das perspectivas científica e artística rompendo fronteiras em busca de uma sociedade humanista.
Lélia Frota exerceu com paixão e competência a crítica da arte, rompendo com cânones estabelecidos para o estudo da produção artística das classes populares “colocada à margem por norma ‘culta’ da sociedade, que paternaliza ou ignora uma espécie de criatividade que, por seu caráter mitopoético, escapa a seu rigor intelectualista."
Os pintores que integram a coleção Schenberg pertencem exatamente ao universo estudado e qualificado por Lélia Frota. Schenberg reconheceu e prestigiou sua iniciativa de negociar a doação, e selecionou pessoalmente, no seu apartamento-museu na cidade de São Paulo, as 225 obras para doar ao museu, que se constituiu, paralelamente nesse período, no grande palco das transformações conceituais que marcaram a direção de Lélia Frota no Instituto Nacional do Folclore.
Livros de referência
Como historiadora da arte, Lélia Frota publica dois trabalhos de especial interesse para o entendimento dos artistas e as obras da coleção Mario Schenberg. O primeiro, e talvez mais importante pelo ineditismo da abordagem antropológica sobre a produção estética que privilegia a narrativa dos próprios artistas, é "Mitopoética de 9 Artistas Brasileiros", editado em 1978 com prefácio de Clarival do Prado Valladares. No livro, a autora dá voz aos nove artistas ‘liminares’ entre as origens populares e a criação de indiscutível valor estético aceita em nichos sociais que não lhes são familiares ou acessíveis, ao tempo que analisa com densidade e propósito explícito de “contribuir para a sua correta conceituação no âmbito das artes plásticas que denominamos de cultas”.
O outro livro, de especial importância como obra de referência, é o "Pequeno Dicionário da Arte do Povo Brasileiro" que apresenta 150 verbetes de artistas com muitos dos quais estabeleceu permanentes trocas, resultado de fôlego de mais de 30 anos de pesquisa. Esse é seu último trabalho publicado em 2005. |
Local:
Galeria Mestre Vitalino - Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP)
Rua do Catete, 179 e 181
Catete
(21) 2285-2545
Funcionamento:
de 3ª a 6ª feira, das 11h às 18h
Sábados, domingos e feriados, das 15h às 18h
Ingresso:
Entrada Franca
Atenção: os horários
e a programação podem ser alterados pelo
local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável
confirmar as informações por telefone antes
de sair. |
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