O olhar precioso de Darcy Ribeiro
rioecultura : EXPO O olhar precioso de Darcy Ribeiro : CAIXA Cultural Rio <br>[Unidade Almirante Barroso]
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Abertura: 22 de novembro de 2010
Encerramento: 30 de dezembro de 2010
Seleção de 50 fotografias inéditas produzidas pelo antropólogo Darcy Ribeiro durante seus diversos trabalhos de campo entre os índios Kadiwéu, Urubu-Ka´apor e Ofayé-Xavante. O acervo faz parte do arquivo do Serviço de Proteção aos Índios, nominado em 2008 no Registro Nacional do Programa Memória do Mundo da UNESCO e tem a curadoria do fotógrafo e antropólogo Milton Guran.

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Darcy Ribeiro com indio Urubu-Kaapor - foto de autor desconhecido

O Olhar Precioso de Darcy Ribeiro integra o BRASILIDADE [uma realização do Ministério da Cultura que antecede a cerimônia da Ordem do Mérito Cultural] e é fruto da parceria entre o Ministério da Cultura e a SAMI – Sociedade de Amigos do Museu do Índio que, por sua vez, têm suas atividades deste ano marcadas pela celebração do centenário de criação do Serviço de Proteção aos Índios, órgão no qual trabalhou o antropólogo Darcy Ribeiro.

Antropólogo, educador, romancista, ensaísta, político, Darcy Ribeiro nunca se pretendeu fotógrafo. No entanto, nos legou milhares de negativos preciosos das tribos por onde passou, sobretudo, da única documentação conhecida dos Ofayé-Xavante. Constam da exposição 50 fotografias inéditas, em preto-e-branco, nos formatos 30x40cm, 40x60cm, 60x90cm e 90x150cm, todas impressas em processo digital a partir dos negativos originais. As imagens selecionadas foram agrupadas de modo a produzirem um sentido específico. São séries de fotografias de cenas do cotidiano das aldeias, tatuagens faciais de personagens diversos, rituais e anotações visuais acompanhadas de pequenos textos-legenda, para maiores explicações.

O Olhar Precioso de Darcy Ribeiro se completa com a projeção do clássico filme de autoria de Hans Foerthmann “Um dia de uma tribo na floresta tropical”, recentemente restaurado e digitalizado. O cineasta conta a história dos índios Urubu-Ka´apor estudados por Darcy Ribeiro.

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Darcy Ribeiro - Preparacao de patas de onça, MS [1947]

Milton Guran acredita que “é natural que Darcy Ribeiro tivesse orientado o seu olhar pelos protocolos da Antropologia, tendo incorporado às fotografias a sua preocupação etnográfica como forma de documentar. Entretanto, não se limitou ao registro fiel e objetivo daquilo que ele via, buscou também a possibilidade do reconhecimento visual da sua vivência entre aqueles povos, impregnando suas imagens com a emoção dos primeiros contatos.

Portanto, o que faz as fotografias de Darcy realmente especiais é que ele, ao fotografar, misturava os ânimos da descoberta científica e da experiência humana que os encontros interculturais nos possibilitam. Fotografava para entrar em contato e produzir uma memória desse encontro. Sua fotografia superou o registro descritivo e adentrou pelo mundo da imaginação. Em suas imagens a impressão que temos é que Darcy se deu ao luxo de agir como um flâneur, como se fora um turista acidental a cultivar relações e recolher lembranças.

São fotografias diretas, cândidas, retratos na sua maioria bem resolvidas fotograficamente, mas cuja maior qualidade é mesmo a ligação evidente entre o fotógrafo e o fotografado. O resultado é um rico painel da dimensão humana desses povos no qual se destaca a relação fraternal, intensa, que ligava o antropólogo ao seu objeto, enriquecendo, com isso, os princípios da pesquisa antropológica.”

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Darcy Ribeiro - Indio Urubu-Kaapor, Maranhão [1957]

O que é o BRASILIDADE

Para o ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira, o holofote com que o mundo hoje foca o Brasil deve-se aos índices de desenvolvimento invejáveis, ao amadurecimento democrático e à vigorosa inclusão social - mas há algo além. “Este algo além é a nossa cultura, nosso jeito de ser, que marca a nossa diferença e define a nossa posição no mundo atual”, define Ferreira.

Segundo o ministro, construímo-nos como diversidade e tolerância culturais, interétnicas e religiosas - o que nos rendeu uma moral capaz de incluir a festa, a alegria e a sensualidade. “A escolha de Darcy Ribeiro como o homenageado desta OMC é resultado [e não o contrário] deste conceito: ele é um dos brasileiros que mais original e visceralmente viveram e pensaram essa questão - em torno de sua obra e do que ele foi podemos promover uma grande reflexão”, sintetiza Ferreira.

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Darcy Ribeiro - India Kadiweu chamada Anoa, MS [1947]

CURADOR
MILTON GURAN é antropólogo e fotógrafo, doutor em Antropologia (EHESS - França, 1996) e mestre em Comunicação Social (UnB, 1991. Autor de “Agudás – os ‘brasileiros’ do Benim” (Ed. Nova Fronteira, 2000), entre outros títulos. É pesquisador do LABHOI – Laboratório de História Oral e Imagem da UFF e do Departamento de Ciências Sociais da UFPR. Realizador e coordenador geral do FotoRio – Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro e realizador dos Encontros sobre Inclusão Visual do Rio de Janeiro. Em 2006, fez parte do Comitê internacional do Mois de la Photo de Paris. Co-curador, juntamente com J-L. Monterosso, da participação brasileira no Photoquai (Musée du Quai Branly, 2007) e curador convidado da MEP – Maison Européenne de la Photographie (Paris) para exposição do Mois de la Photo de 2010. Membro da diretoria executiva da RPCFB – Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil.



FICHA TÉCNICA
Realização: Ministério da Cultura e Museu do Índio
Produção Executiva: SAMI – Sociedade dos Amigos do Museu do Índio
Coordenação geral e curadoria: Milton Guran
Textos: Milton Guran e Fabio Maciel (Museu do Índio)
Produção e programação visual: Melanie Guerra
Projeto expográfico e montagem: Jair de Souza
Local:
CAIXA Cultural Rio
[Unidade Almirante Barroso]

Avenida Almirante Barroso, 25
Centro
(21) 2544-4080

Funcionamento:
De 3ª feira a domingo, das 10h às 21h

Ingresso:
Entrada franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.