Filme U [Ernica Bernardelli]
rioecultura : EXPO Filme U [Ernica Bernardelli] : Casa de Cultura Laura Alvim
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Abertura: 12 de agosto de 2010
Encerramento: 3 de outubro de 2010
Bernardelli fez cinema entre 1979 e 1986. Seus curtas ganharam a atenção de Glauber Rocha, que a cita no livro "Revolução do Cinema Novo, como um dos diretores que merecia atenção e incentivo.Quando foi morar na cidade do México, em 1984, entrou em contato com a fotografia, trabalhou com a artista Graciela Iturbide, e também é citada no texto de Veronica Volkow, bisnesta de Leon Trótski, no livro "Sueños de Papel", sobre a obra de Iturbide.

Na volta ao Brasil, foi estudar na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, a partir daí, dedicou-se integralmente às artes plásticas. Ela participou da Bienal Internacional de São Paulo de 2002 e da Bienal do Mercosul de 2001 e 2005.

Filme U, a exposição
Bernardelli diz que a mostra funciona como a apresentação de fragmentos de um filme imaginário - "Filme U", que batiza a exposição. As imagens, livres da película, renascem como objetos, em projeções ou esculturas.

"Filme U" [2010] é a projeção de um LP que gira incessantemente, em sentido contrário ao do relógio, sem sonoridade. Para a artista, ele é o silêncio do tempo, e ela aposta que o lugar da imagem é onde não existe som algum. Ela acredita que a "imagem" seja o refúgio do som.

As demais peças, de épocas diversas, "saem e voltam para o Filme U", acredita Bernardelli, como em um cinema hipotético.

A curadoria Ligia Canongia explica: "Como se houvesse uma película fílmica rodando através das coisas, e uma narrativa perpassando os elementos expostos, tudo ali pertenceria a esse filme fantasmático, que por vezes expele suas partes para o espaço real, ganhando corporeidade. O polo centralizador seria o Filme U, que roda sem começo e sem fim, sem roteiro e sem clímax, como uma matriz vazia, mas, paradoxalmente, provedora de todas as outras aparições e acontecimentos."

Inverter a visão ou a função a que se está acostumado de um objeto é a ação recorrente de Enrica na sequência da exposição. "O que mais importa é o trajeto da transformação de uma linguagem à outra", diz a artista.

Série margem, 2005

Na série Margem [2005], as margens brancas das fotografias invadem a imagem, sempre rostos. A margem perde a função de emoldurar e, ao contrário, interrompe o retrato.

Instrumento [2006] é um piano sem cauda, aberto e instalado na vertical, de forma que não se possa usar adequadamente seu teclado e seus pedais. Outro exemplo de anulação da função tradicional do objeto é o trabalho Cadeira [2010], que é vazada no assento por um plano em acrílico transparente, impedindo que se sente nela.

Escultura em bronze [2010] é uma peça deste metal apresentada como projeção. Ao ser projetado, o bronze se tranforma em "luz", a matéria deste objeto muda, assim como suas dimensões.

Escultura dentro da parede, 2008

Escultura dentro da parede [2008] intitula um bronze de uma figura humana, inscrustrado na alvenaria, de forma que esta instalação lhe "retira" a tridimensionalidade, por estar enfiada em um plano, a parede.

Em Espelho perfurado [2005], Bernardelli faz diversos orifícios em uma superfície espelhada e a instala afastada da parede. Sua intenção é que a "luz" do presente atravesse a imagem do espectador. Anteriormente, Bernardelli perfurava os negativos de seus filmes para trazer esta luz do presente para dentro do passado, da memória, impressa na película.

Imagem aberta|série clássicos, 2003

Na série Imagem aberta [2003], Bernardelli corta um círculo na reprodução fotográfica de uma pintura clássica, vazando a cena representada, para abrir outro plano para quem a vê.

O conjunto Fotografias encapadas [1998] se compõe de fotos envolvidas em papel vegetal, prontas para irem para um acervo. A artista, porém, leva-as para o espaço expositivo, porque, mesmo embrulhadas, as fotografias "ainda têm o que dizer", argumenta Bernardelli.

Fotografias embrulhadas, 1998

Pedra [2007] é um granito bruto pontudo que, para a artista, "é a pedra no caminho da exposição".

"A obra de Enrica Bernardelli trafega na fronteira do visível e do invisível, interrogando o próprio objeto como entidade fixa e fisicamente determinada, preferindo, ao invés, colocá-lo em estado de metamorfose contínua. [Š] Revirar, transfigurar e inverter são os verbos dessa obra", analisa Canongia.

Enrica Bernardelli nasceu em Brescia, Itália, em 1959. Ainda criança mudou-se para o Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Depois do cinema, optou pelas artes plásticas em 1986. Desde então participou de dezenas de coletivas no Brasil e no exterior, além da Bienal Internacional de São Paulo de 2002 e da Bienal do Mercosul, em 2001 e 2005. A artista tem obras nas coleções Cisneros [NY-Caracas], Giberto Chateaubriand [RJ], Fundação Cartier [Paris] e na de Mariano Marcondes Ferraz [RJ], entre outras. Sua última individual foi em 2002, na Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro.
Local:
Casa de Cultura Laura Alvim
Avenida Vieira Souto, 176
Ipanema
(21) 2267-1647

Funcionamento:
Verifique a programação do evento

Ingresso:
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Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.