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Abertura: 11 de agosto de 2010 |
Encerramento: 20 de outubro de 2010 |
A mostra, com 180 imagens, é uma retrospectiva da obra do alemão Hans Gunter Flieg, que desde 1945 estabeleceu-se no Brasil como fotógrafo de indústria, publicidade e arquitetura.
Flieg registrou, por 40 anos, o desenvolvimento industrial brasileiro, além de ter documentado o design, a arquitetura e a publicidade no país entres os anos de 1940 e 1980 – fotografando instalações industriais, edificações e objetos que revelam esse período. Na exposição, os visitantes poderão ver, por exemplo, imagens das instalações industriais de empresas como Willys-Overland, Mercedes-Benz e Marcas Famosas S/A, pioneiras da indústria automobilística no Brasil.
A mostra também é composta por fotografias de estandes de grandes indústrias em feiras nacionais, como o da fábrica de calçados Clark, na Exposição Comemorativa do IV Centenário de São Paulo, no Parque Ibirapuera, em 1954, e o estande da Mercedes-Benz do Brasil, na Exposição Internacional de Indústria e Comércio, no Pavilhão São Cristóvão, no Rio de Janeiro, em 1960.
Paralelamente a esse trabalho na indústria, Flieg fotografou para grandes agências de publicidade do período como a Standard e a Thompson, participando também do 1º Salão Nacional de Propaganda, realizado no Museu de Arte de São Paulo em 1950 e, no ano seguinte, atuou como fotógrafo oficial da primeira Bienal de Arte de São Paulo, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
A releitura do acervo de Flieg neste início do século XXI – caracterizado pela construção da sociedade do conhecimento e da informação, em oposição à sociedade industrial de meados do século passado – permite que a obra do fotógrafo seja interpretada dentro de novas e atuais perspectivas, ultrapassando a dimensão referencial e documental. É possível perceber estas possibilidades interpretativas em vários momentos da carreira de Flieg.
Os registros documentais do novo país e de seus habitantes são inicialmente produzidos paralelamente a um refinamento crescente de sua fotografia industrial e profissional, sempre por meio de uma elaboração formal muito consciente. Para Sergio Burgi, curador da mostra e coordenador de fotografia do IMS, “tais características podem ser observadas tanto no uso da tradicional câmera de grande formato, a exemplo de fotógrafos como Germaine Krull, na Alemanha, e Charles Sheeler, nos EUA, como no uso da relativamente nova câmera Leica de pequeno formato, que estabeleceu, a partir da década de 1920, as bases da nova fotografia documental e humanista no período entre-guerras”.
O trabalho de Flieg desenvolve-se fortemente influenciado pela modernidade europeia, aliando o domínio na elaboração formal da imagem fotográfica a um absoluto controle da iluminação, da exposição e do processamento da película.
“Estas imagens extremamente elaboradas nos direcionam, por um lado, para o universo imagético já designado como o do ‘êxtase das coisas’, onde a fotografia posiciona-se como a ferramenta para o registro e a visualização dos objetos da sociedade industrial e para sua subsequente comercialização e circulação através das novas ferramentas da publicidade e propaganda, que incorporam maciçamente a fotografia em peças publicitárias a partir, principalmente, dos anos 1950”, explica Sergio Burgi.
Por outro lado, dentro de uma perspectiva como aquela colocada pela escola alemã da "Objetividade" (“Sachlichkeit”), voltada para o registro fotográfico seriado da sociedade industrial e representada principalmente pelo trabalho do casal Bernd e Hilla Becher, a fotografia de Flieg, de alto rigor formal, permite que estruturas industriais registradas de maneira objetiva e direta conduzam a imagens de forte viés abstrato, ampliando e atualizando a relevância de sua produção fotográfica no âmbito da fotografia artística moderna e contemporânea.
Sobre Hans Gunter Flieg
Nascido em Chemnitz, Alemanha, em 1923, mudou-se para São Paulo em 1939 com sua família. Ao chegar ao Brasil, tendo começado a fotografar na adolescência e feito um curso especializado com Grete Karplus, no Museu Judaico de Berlim, Flieg trazia na bagagem alguns equipamentos Leica e uma câmera Linhof, além de livros sobre fotografia e exemplares da revista Life, uma de suas fontes de inspiração. Em 1945, estabeleceu-se como fotógrafo profissional no Brasil, produzindo imagens comissionadas por grandes empresas, sem, no entanto, limitar sua abordagem estética. Fotografa para o catálogo da Indústria Cristais Prado em 1947 e, no ano seguinte, faz o primeiro calendário fotográfico anual da Pirelli.
No final de 1951, atuou como fotógrafo oficial da primeira Bienal de Arte de São Paulo, realizada no MAM. Sua atividade como fotojornalista foi bissexta, com trabalhos em sua maioria para o jornal O Estado de S.Paulo. Em 1971, trabalhou também para o Unicef, realizando imagens de arte e folclore populares.
Uma das exposições mais completas de sua obra foi a retrospectiva Hans Gunter Flieg: 40 anos de fotografia, realizada pelo Museu da Imagem e do Som de São Paulo, em 1981.
A obra fotográfica completa de Hans Gunter Flieg é composta por mais de 59 mil negativos e fotografias e contém registros fotográficos que se iniciam ainda na Alemanha e se estendem até meados da década de 1980. Em julho de 2006, foi incorporada ao acervo do Instituto Moreira Salles e está, desde então, disponível e aberta para pesquisas e estudos de seus importantes aspectos documentais e estéticos.
Visitas monitoradas para escolas
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Local:
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Rua Marquês de São Vicente, 476
Gávea
(21) 3284-7400
Funcionamento:
De 3ª feira a domingo, das 13h às 20h
Ingresso:
Entrada e estacionamento gratuitos
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