Arthur Omar – Um olhar e sete véus
rioecultura : EXPO Arthur Omar – Um olhar e sete véus : Anita Schwartz Galeria de Arte
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Abertura: 17 de março de 2010 [para convidados]
18 de março de 2010 [para o grande público]
Encerramento: 17 de abril de 2010
O artista múltiplo, uns dos mais instigantes e inventivos do panorama artístico contemporâneo, mostra obras fotográficas em grande formato, todas elas inéditas no Brasil. A maioria foi feita especialmente para a exposição, resultado de linhas de trabalhos recentes que vem desenvolvendo, e que se encontram em progresso. É a primeira vez, ainda, que Arthur Omar mostra seu trabalho em uma galeria carioca.

A exposição ocupará todo o espaço da galeria, e irá abranger obras de três séries inéditas:

“Antropologia Suprematista”, na qual predomina o branco puro. Oito caixas de luz, onde o artista funde a sua temática antropológica com obras suprematistas do russo Kasimir Malevitch (1878 –1935), autor do celebre “Quadrado Negro”. Duas dessas caixas de luz são uma homenagem ao brasileiro Abraham Palatnik, pioneiro da arte cinética. Nelas, uma luz estroboscópica foi fotografada “de frente, em centenas de variações” que não se repetem, criando uma tapeçaria abstrata.

“Antropologia Solúvel”, fotografias experimentais a partir do carnaval, com cores saturadas e formas dissolvidas.

“Madona” – Duas imagens dessa série, que ocupou uma sala especial na ARCO 2007, em Madri.

A mostra trará ainda o vídeo inédito “Um olhar em segredo”. Definido como “filme-ensaio”, de 30 minutos, em que o artista recupera todo o seu trabalho fotográfico, “mas com uma análise da natureza mesma da fotografia, que transcende tudo o que eu mesmo fiz. Composto de pequenos fragmentos dedicados “à fotografia, à câmera, ao olhar, ao instante e ao êxtase”. Em abril, haverá um encontro do artista com o público, na exposição.

Arthur Omar desenvolve desde o início dos anos 1970 um trabalho extremamente autoral em filmes, documentários, fotografias e livros, em que reflete sobre o campo da antropologia. “Sobre até que ponto ela pode dizer a verdade sobre o outro, e sobre até que ponto o documentário pode ser capaz de se aliar a ela de forma produtiva”. “Criei para isso vários procedimentos visuais e sonoros de desconstrução do discurso antropológico, sempre a partir da minha prática estética e da minha experiência perceptiva profunda, introduzindo a singularidade da minha posição no mundo como alavanca para um novo tipo de conhecimento”.

Esse trabalho, chamado inicialmente de “Antropologia da Face Gloriosa”, hoje já se expandiu para outras “antropologias”, “cada uma dotada de um sabor diferenciado”. “Com essas antropologias artísticas, em que a presença da estética é intensificada e conduz o movimento do conhecimento, dando as costas para o aspecto conceitual e sistemático, pretendo dar uma contribuição ao próprio pensamento antropológico”. “É uma pretensão arriscada, eu reconheço”.

A serie “Antropologia da Face Gloriosa” se desdobrou em diversos ramos ou modalidades, como a “Antropologia Suprematista”, alusão ao movimento criado por Kazimir Malevich, conhecido como Suprematismo, em que se ele propunha “a sensação infinita do espaço, não-objetivo, portanto, segundo ele, um espaço supremo, que traduziria uma experiência suprema, e o qual poderia representar diversas dimensões”.

ANTROPOLOGIA SOLÚVEL

A linha mais recente desse trabalho recebeu o nome de “Antropologia Solúvel”, “onde todas as formas se dissolvem em um cruzamento de linhas e em uma multiplicação do espaço”. Nessas obras o artista busca “tentar observar o outro através não da constatação dos seus traços presentes no momento da percepção, mas em uma ênfase do autor que dissolve aqueles traços através dos seus movimentos”. “Na ‘Antropologia Solúvel’, essa aparição que era a do objeto se volta para o sujeito. Sou eu que estabeleço com o outro um conjunto de movimentos que, ao se somarem, vão gerar uma coisa que não existe nem nele, nem em mim. Temos aqui quase que uma alusão direta ao processo de percepção, mais do que o processo de aparição do percebido”.

Arthur Omar estabelece algumas diferenças entre as três series de “antropologia”: “Na ‘Antropologia da Face Gloriosa’, as imagens eram borradas, mas havia um reconhecimento do outro, a ponto de se chamar aquilo de retratos. Na “Antropologia Suprematista”, esse rosto tem os seus elementos progressivamente sendo retirados, para sobrarem apenas fragmentos de detalhes – um negro da pupila, um contorno da boca – com a extração paradoxal, mesmo para uma ‘antropologia’, dos seus atributos raciais e identificadores. E agora, na ‘Antropologia Solúvel’, tudo se dissolve num jogo de sujeito e objeto, simultaneamente. São imagens dissolvidas pelo meu movimento e constituídas de formas inesperadas, caóticas. É a produção de uma coisa nova a partir da relação estética”.

SETE VÉUS

O título da exposição surgiu a partir da ideia de que há vários véus, "interpostos entre o olhar e a coisa, véus que nunca são retirados, é impossível”. Já com as obras prontas e reunidas, Arthur Omar conta que percebeu que o trabalho reflete muito mais seu olhar sobre o véu do que “a coisa velada por ele”. “É como se entre o meu olho e o meu objeto os diversos véus, somados, combinados ou tomados individualmente, o trabalho fosse muito mais olhar para o próprio véu, do que a proposta de mostrar imagens novas de objetos”.
Local:
Anita Schwartz Galeria de Arte
Rua José Roberto Macedo Soares, 30
Gávea
(21) 2274-3873 /

Funcionamento:
Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábados das 12h às 18h

Ingresso:
Entrada franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.