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Abertura: 11 de janeiro de 2010 |
Encerramento: 7 de março de 2010 |
Com curadoria de Fernando Cocchiarale, a exposição, com cerca de 50 fotografias de Caio Reisewitz, ocupa as salas do segundo andar do CCBB [B, C e D].
A mostra é uma panorâmica da trajetória de Caio Reisewitz, abrangendo os oito últimos anos da produção do artista, que rapidamente se tornou um dos mais destacados do cenário contemporâneo brasileiro. Será a primeira vez no Brasil que ele reúne esse conjunto de fotografias, das quais muitas estiveram em várias mostras no exterior.
Um exemplo são as duas exposições simultâneas nas cidades de Vigo e Pontevedra, na Espanha, desde setembro até 18 de janeiro, consistindo também em um grande panorama de seu trabalho. As fundações espanholas Pedro Barrié de la Meza e RAC, que pela primeira vez trabalharam em parceria na realização dessas mostras, editaram um livro sobre Caio Reisewitz, com capa dura e 134 páginas, contendo texto crítico de David Barro.
“Parece Verdade”, no CCBB, Rio terá oito fotografias inéditas no Brasil, das quais uma, “Guanabara”, foi feita especialmente para a mostra. As fotografias, que podem medir até 2,80m por 1,95m, também representam “um panorama do deslocamento” do artista, que fotografou na capital, no interior e no litoral de São Paulo, e também no Rio de Janeiro, Pará, Goiás, Distrito Federal [Brasília] e Paraná. Há ainda trabalhos realizados em Cartagena das Índias, Colômbia, Frankfurt, na Alemanha, e em Ushuaia, Argentina.
Para o fotógrafo, esta exposição é importante por propiciar uma “acumulação” de seu trabalho, e permitir uma reflexão em sua produção. “Para o artista é importante ver suas obras juntas, o que ainda não tinha acontecido comigo. Estou muito feliz com essa oportunidade”, diz. A exposição será acompanhada de uma bem-cuidada publicação, com as imagens da exposição e textos de Fernando Cocchiarale, Miguel Chaia e entrevista com o artista feita por Horácio Fernandez, um dos grandes especialistas de fotografia da Espanha.
Fernando Cocchiarale observa que as fotografias feitas por Caio Reisewitz “deliberadamente não mostram quaisquer traços ou características icônicas típicas das localidades que apresenta. Caio fotografa territórios vazios, nos quais encontramos apenas os indícios de uma humanidade ausente. Um mundo desolador de rastros e vestígios, sem sujeitos e desprovido, portanto, de intensidade afetiva e existencial”. “Sua poética é primeiramente visual”, afirma. Cocchiarale lembra ainda de citação de Susan Sontag, para quem “as fotos são uma interpretação do mundo tanto quanto as pinturas e os desenhos”.
:: PAISAGEM: NATURAL E CONSTRUÍDA ::
Uma das características do trabalho de Caio Reisewitz é o interesse pela paisagem, seja a natural, com cenas da natureza, ou a construída pelo homem, como o interior de igrejas barrocas ou frios espaços dos poderes legislativo e executivo.
“Existe a realidade como ela é, e a construída. O interior de uma igreja barroca, por exemplo, é uma obra de arte em si, plena de detalhes requintados. E também há cenas da natureza em que, apesar de ser uma realidade direta, ela é tão elaborada que você pode pensar que foi construída, ou teve algum tipo de montagem e manipulação, o que não ocorreu”, observa. Outro aspecto do trabalho do fotógrafo é a quase total ausência do ser humano. “Não é proposital, é um instinto”, diz. As exceções são fotos de 2002 em que usa a imagem de um amigo, Rufo, ou da menina Antonia, filha de outro amigo, único retrato, propriamente dito, da mostra.
Há uma outra vertente na pesquisa de Caio Reisewitz que é registrar a alteração, “ou destruição”, da natureza feita pelo homem. “Exemplos disso são os trabalhos ‘Bertioga’, ‘Goiânia VII’ e ‘Itaquequecetuba’”.
:: PARECE VERDADE ::
O título da mostra, “Parece Verdade”, remete a uma dupla percepção: à ideia de que a imagem natural é tão perfeita que parece manipulada, e à representação do real. Para Caio Reisewitz, por mais fiel à realidade que possa ser, a fotografia é sempre uma interpretação do real. “Há um espaço entre o real e o registro do real, que é o que me interessa. Entretanto, não deixa de ser uma interpretação da realidade”. Seu processo de elaboração da imagem se assemelha à construção buscada por um pintor paisagista, que trabalha a reprodução da realidade. Ele ressalta que busca, o mais possível, uma postura de neutralidade diante do que irá fotografar, para que a ação do fotógrafo seja a menos perceptível possível. O preparo da câmera é cuidadoso, leva pelo menos 15 minutos. “Uso uma forma direta, frontal, sem inserção de perspectiva ou luminosidade, de cara limpa”.
Para ele, é justamente essa olhada neutra que permitirá ao espectador interpretar livremente o que vê. Por outro lado, Caio afirma que é um paradoxo fotografar na natureza situações que parecem construídas – ou adulteradas – tal a perfeição estética. Ele cita como exemplos as fotografias “Sapucaí”, “Butantã”, “Cubatão”, “Goiânia Golf Club”. “As pessoas acham que houve algum truque digital, alguma montagem”.
O artista fotografa tudo analogicamente em uma câmera Linhoff, de placa de negativo no formato 4 x 5 polegadas, correspondente a 9 x 12cm. Essas placas são escaneadas em altíssima resolução e ampliadas em um laboratório em Dusseldorf, Alemanha.
Caio Reisewitz nasceu em 1967, em São Paulo, onde vive e trabalha, e tem obras em importantes coleções públicas e particulares no Brasil e no exterior. Dentre as diversas mostras individuais e coletivas em que mostrou seu trabalho, Caio Reisewitz ocupou três andares da Casa de América, em Madri, durante o festival PhotoEspaña, em 2006, e participou das edições de 2005 da Bienal de Veneza – em que representou o Brasil, junto com o grupo Chelpa Ferro – e da Bienal Internacional de São Paulo. Descendente de alemães, cursou a Academia de Arte, em Mainz, Alemanha, onde também estudou na Fachobershule für Gestaltung e na Peter Behrens Schule, em Darmstadt, depois de ter estudado na Fundação Armando Álvares Penteado [FAAP], em São Paulo, em 1989. Em 2009, concluiu o mestrado na USP em poéticas visuais.
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Centro
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Ingresso:
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