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Abertura: 1 de dezembro de 2009 |
Encerramento: 31 de janeiro de 2010 |
Há 70 anos, em 1939, começava a Segunda Guerra Mundial. O Brasil, ao mesmo tempo que era governado pela ditadura Vargas – inclinada para o fascismo do Eixo –, também era cobiçado pelos Estados Unidos – que procuravam ampliar sua influência sobre os países latino-americanos, atraindo apoio para o grupo dos Aliados.
A visão desses dois "brasis" e a "disputa ideológica" da época foram capturadas em imagens e agora integram a exposição multimídia A imagem do Brasil no tempo da Segunda Guerra, que será aberta ao público no dia 2 de dezembro, no Centro Cultural da Justiça Eleitoral (CCJE). A curadoria é de Jair de Souza e de Maurício Lissovsky.
Os ambientes
No primeiro ambiente, os visitantes serão recebidos e envolvidos por uma instalação iluminada por um vermelho intenso, com um vídeo projetado nas paredes. Nas imagens, a violência da guerra com cenas de bombardeios e batalhas travadas pelas tropas, sincronizado a uma edição sonora impactante.
Um segundo ambiente apresentará o contexto brasileiro em três grandes telas circulares nas quais serão projetados vídeos mostrando o clima da época no país. Além deles, imensos monolitos backlights mostrarão fotos em preto e branco – inéditas ou pouco conhecidas – revelando duas correntes emblemáticas e ideologicamente opostas – porém igualmente importantes na tentativa de retratação da identidade do brasileiro no período: uma alemã, outra norte-americana.
Uma sala de projeções forma o terceiro ambiente, onde serão exibidos filmes de época em homenagem a Força Expedicionária Brasileira, entre outros.
Nos monolitos backligths, a guerra das visões americana e alemã Na época, o governo Vargas, por meio do Ministério de Educação e Saúde, contrata alguns fotógrafos - em sua maioria alemães refugiados da guerra - para retratar um país ordeiro, trabalhador, educado, de população branca e bem comportada. “São imagens que permanecem praticamente inéditas, pois a entrada na guerra ao lado dos aliados, e a subsequente deposição de Vargas, impediram a sua publicação”, explica Maurício Lissovsky.
No mesmo período, os Estados Unidos, em seu esforço para seduzir os países latino-americanos para o lado dos Aliados, com o american way of life, envia ao Brasil - ao lado de repórteres fotográficos da revista Life - uma comitiva de fotógrafos a serviço do Departamento de Estado e do Escritório de Coordenação dos Negócios Interamericanos. Eles retratam o Brasil festivo, carnavalesco e informal, que, apesar de governado por uma ditadura, está mais próximo do liberalismo norte-americano.
“São duas visões do Brasil, totalmente diferentes, feitas na mesma época e que nunca estiveram lado a lado numa mesma exposição”, justifica Jair de Souza. “Por outro lado, é possível enxergar um ponto em comum entre as duas retratações, que é o ponto de vista técnico, do tratamento tonal e do uso da luz”, completa.
Por dentro das imagens do backlights
As fotos estarão expostas – e contrapostas – em seis painéis. As imagens em preto e branco exibem cenas rotineiras como um vendedor de vassouras; um músico cego tocando sanfona no mercado; passageiros pendurados no estribo do bonde em contraponto com um laboratório de biologia em uma escola secundária ou estudantes em aula de educação física ou em formação para uma homenagem ao Dia da Bandeira. Nos versos dos painéis, estarão impressas ilustrações características da época assinadas por dois importantes artistas: J.Carlos e Nássara.
Ainda para mostrar o clima geral da época, as três telas circulares projetarão, em looping, vídeos captados por cinegrafistas brasileiros e americanos retratando temas como o sindicalismo, a união dos trabalhadores, o movimento estudantil, o comportamento do povo nas ruas. Também compõe a exposição um imenso painel estático com o mapa mundi, destacando as 13 cidades mais relevantes no contexto histórico da Segunda Guerra. Entre elas, Pearl Harbor, Nápoles, Paris e Rio de Janeiro. Outro espaço será dedicado ao rádio, o principal veículo de informação e entretenimento da época. Ali, em fones de ouvido, o público poderá se deliciar com gravações da época como seriados, radionovelas, noticiário e publicidades do período.
Sobre os curadores
Jair de Souza, diretor da Jair de Souza Design, é formado em Comunicação
visual pela ENSAD – École Nationalle Superiéure des Arts Decoratifs, Paris –
Certificado em Cinema e Vídeo pelo Musèe de L’homme/Sorbonne Paris. Na
França, entre outros trabalhos, foi o responsável pelo projeto gráfico da
inauguração da Biblioteca de multimídia do Centro Georges Pompidou –
Beaubourg – Paris. No Brasil atuou como diretor de arte em várias agências
de publicidade e comanda projetos especiais de comunicação, multimidia,
internet, criação de programas para televisão, cenografia, criação de
aberturas para filmes/TV, projetos de sinalização e editoriais. Entre os
mais recentes projetos estão a direção de arte multimídia e o projeto visual
do Museu do Futebol, em São Paulo, o design visual da exposição de Vik
Muniz, a curadoria, cenografia e design visual da exposição Isso é Bossa
Nova, além da criação da mostra Auto-Retrato Falado. Jair de Souza também
assina o design ambiental do NAVE, escola pública de ensino médio de alta
tecnologia, no Rio de Janeiro, projeto que conquistou o troféu ouro do
prêmio IDEA- International Design Excellence Awards, considerado o Oscar do
design americano, e do NATA, Núcleo Avançado em Tecnologia de Alimentos.
Mauricio Lissovsky é historiador, doutor em comunicação, redator, roteirista
de cinema e TV, e professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Foi pesquisador do Centro de Pesquisa em História
Contemporânea do Brasil (CPDOC/FGV), da Memória da Eletricidade e do
Instituto de Estudos da Religião (ISER) e bolsista de pós-doutoramento da
Academia Britânica no Birkbeck College, da Universidade de Londres. Publicou
Escravos Brasileiros na Fotografia de Christiano Jr (1988), Colunas da
Educação (1996), Só Existe um Rio (2008), A Máquina de Esperar (2008) e
roteirizou os filmes Seja o que Deus Quiser (Murilo Sales, 2002) e A Pessoa
é para o que nasce (Roberto Berliner, 2004). |
Local:
Centro Cultural da Justiça Eleitoral (CCJE)
Rua Primeiro de Março, 42
Centro
(21) 2253-7566
Funcionamento:
De 4ª feira a domingo, das 12h às 19h
Ingresso:
Entrada franca
Atenção: os horários
e a programação podem ser alterados pelo
local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável
confirmar as informações por telefone antes
de sair. |
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