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Abertura: 12 de outubro de 2009 |
Encerramento: 3 de janeiro de 2010 |
A mostra reune, pela primeira vez no Brasil, um conjunto dos trabalhos de Regina Silveira “onde a sombra desempenhou um papel mais significativo, fazendo um percurso por toda sua obra seguindo esta linha temática, mas abrindo o conceito de sombra ao de rastro, pegada ou vestígio, que são também marcas indicativas, que, como a sombra, apontam para o objeto que as criou”, como explica José Roca, curador da mostra junto com Alejandro Martín.
“´Linha de Sombra´ é um percurso não linear, mas labiríntico. A obra de Regina faz com que voltemos a ver a realidade com um olhar fresco. A ideia é que o espectador se sinta guiado através da obra de Regina, que encontre chaves para ter acesso a ela, e também que desperte o interesse de conhecer mais, de se perder, de encontrar outros trajetos possíveis. A sombra, com suas múltiplas acepções, é o fio condutor”, destaca José Roca.
A exposição ocupa a rotunda, todas as salas do primeiro andar e uma sala do segundo andar, e tem cerca de 30 obras, dentre instalações, objetos e fotografias. Os trabalhos são compostos de materiais diversos para representar a sombra, como vinil adesivo preto, muitas vezes aplicado sobre paredes, teto e chão, ocupando grandes áreas. A instalação “Derrapagens”, por exemplo, tem aproximadamente 15 metros de extensão. “Paradoxo do Santo”, outra instalação, tem 18 metros de extensão por quatro de altura.
Na rotunda do térreo do CCBB, que tem 36 metros de altura, Regina Silveira faz a obra “Irruption”, uma projeção luminosa de imagens de pegadas que recobrirão uma área de mais de mil metros quadrados. Almofadas são espalhadas no chão, para que o público possa contemplar o trabalho. “A projeção no CCBB tem uma visualidade gigante, e deverá se espalhar, como projeção de sombras que revestem a arquitetura interna do prédio e parecerão flutuar, em grande parte do grande vazio ‘cilíndrico’ que fica abaixo da clarabóia”, diz a artista.
“A história da arte tem estado intimamente ligada à sombra”, ressalta José Roca. “Quando Regina faz referência à perspectiva, está também se referindo à toda tradição da representação na história da arte”, diz, acrescentando que a obra da artista “está cheia de referências, algumas diretas, outras mais críticas e eruditas: Piero della Francesca, Leonardo, Man Ray, Meret Oppenheim, Calder, e sobretudo Duchamp”.
PROJEÇÃO LUMINOSA
Artista destacada no cenário da arte contemporânea, Regina Silveira tem uma impressionante trajetória de exposições no exterior. Vários trabalhos que estarão no CCBB integraram mostras realizadas em outros países, e nunca foram vistos no Brasil, como os photo etchings do álbum “Eclipses”, a instalação “Desapariencia”, e os trabalhos da série “Attachments”, editados EM 2007 pela artista com La Caja Negra, galeria espanhola dedicada a exposições e publicações. Em outros casos, as obras correram mundo, e não são remontadas aqui há desde sua criação, como “Anamorfas”, “Projectio I”, “Para Lizarraga” e “Os grandes”, da série “Dilatáveis”, as duas obras da série “In Absentia”, feitas nos anos 1980, “Encuentro”, de 1991, o primeiro trabalho em que usou programas digitais, a série “Velox”, de 1997, e a instalação “A Lição”, pertencente ao acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Ela observa ainda que “Irruption” é totalmente inédita no Brasil. “É a primeira vez que esse trabalho é visto aqui, e também é a primeira vez em que é realizado como projeção luminosa”. A obra é o desenvolvimento de versões e materiais diferentes de intervenções apresentadas, “sempre em diálogo com arquiteturas diversas”, no Centro Cultural Woluwe Saint Lambert, em Bruxelas, e no Museu de Belas Artes de Houston, Texas, em 2005, e, no ano seguinte, na 6ª Bienal de Taipei, sob curadoria de Dan Cameron, no Museu de Belas Artes de Taiwan.
Regina Silveira, ao longo dos anos, retomou trabalhos utilizando material diferente do inicialmente empregado. As sombras da série “In Absentia”, originalmente pintadas a mão, estarão no CCBB como imagens digitais realizadas com vinil adesivo recortado com plotter. Também as duas figuras da série “Armarinhos” – o botão e a agulha – que serão feitas com recortes em vinil adesivo, foram originalmente litografias sobre papel, impressas em 2003 pela Editora Poligrafa, de Barcelona. Por outro lado, nessa mostra ela resgata procedimentos anteriores para a realização das silhuetas, fazendo a pintura das sombras diretamente na parede, nas obras da série “Dilatáveis”, que já foram “heliografias efêmeras, depois pinturas sobre lona e ultimamente imagens digitais para recorte de vinil adesivo”.
IMENSAS MARCAS DE PNEUS
O colombiano Jose Roca comenta que conhecia há muitos anos o trabalho de Regina Silveira, por meio de publicações ou mostras coletivas, até que viu em 2001 a obra “O Paradoxo do Santo”, na exposição “Brazil: Body and Soul”, no Guggenheim. “A obra causou em mim uma grande impressão”, lembra. “Nossa primeira colaboração direta foi em 2004, em Porto Rico, onde ela produziu o surpreendente ”Frenazos”, imensas marcas de pneus na fachada do Arsenal de la Puntilla, na velha San Juan”. “Desde então, tenho trabalho com ela em numerosas ocasiões. Trabalhar com Regina sempre tem sido uma experiência de aprendizagem para mim, como curador”, afirma. Depois, Roca e Regina trabalharam novamente juntos na exposição itinerante “Phantasmagoria: Specters of Absence” (2007-2009), e têm programado para 2010 “Philagrafika en Filadelfia”. “Em todas essas ocasiões, a seleção de sua obra estava condicionada a um tema comum, que incluía outros artistas”, observa ele. “Quando fiz em 2007 a curadoria de uma pesquisa sobre seu trabalho em Bogotá, Colômbia, o chamei ‘Sombra Luminosa’, um oxímoro que refletia, em minha opinião, a relação causal entre luz e sombra, cuja definição mais básica é a ausência de claridade provocada por um corpo iluminado”.
“Linha de Sombra” será acompanhada de um catálogo idealizado por José Roca e Alejandro Martín, com 168 páginas e 110 imagens, com design da ZOT (Rara Dias e Paula Delecave. O catálogo tem formato 19cm x 24cm, lembrando o de um dicionário, pois o conteúdo do livro é dividido como um glossário. A edição tem capa dura, com jaqueta que abre como um cartazete – de um lado uma imagem da obra “Os Grandes”, e do outro o diagrama que “traça a genealogia das obras, como uma espécie de constelação de causas e efeitos, que se apresentará como um pôster”, destaca José Roca. “O catálogo é parte integrante da proposta curatorial”, diz, acrescentando que a publicação trata “da confluência entre dois modelos: o labirinto e o dicionário”.
CCBB RIO – 20 ANOS DE COMPROMISSO COM A DIFUSÃO DA CULTURA
Ao ser inaugurado e aberto ao público em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro provocou não apenas uma revitalização no Centro Histórico da Cidade, como abriu caminho para outras instituições seguirem seu modelo de pólo multicultural. Nesses 20 anos, a programação cultural do CCBB abrangeu mais de dois mil projetos, que levaram ao público grandes nomes da arte, cinema, teatro, dança, música e pensamento, dinamizando a difusão e produção cultural do país. O CCBB abriu ainda espaço para experimentações e novos talentos, provocando um diálogo permanente no panorama artístico.
O CCBB rapidamente se tornou uma referência também ao propiciar o acesso do público às diversas manifestações da arte e do pensamento, rompendo com eventuais barreiras simbólicas que afastavam grande parte da população das instituições culturais. A entrada franqueada, ingressos baratos para espetáculos, e ainda a forte atuação do projeto educativo, que permeia todas as áreas de ação do CCBB, transformou esse espaço em um ponto de convergência da cultura. A acessibilidade do CCBB é refletida também em sua estrutura física, onde o prédio é 100% acessível a pessoas com deficiência, terceira idade e crianças. |
Local:
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB Rio)
Rua Primeiro de Março, 66
Centro
(21) 3808-2020
Funcionamento:
De quarta a segunda-feira, das 9h às 21h
Não abre as terças-feiras
Ingresso:
Entrada franca
Atenção: os horários
e a programação podem ser alterados pelo
local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável
confirmar as informações por telefone antes
de sair. |
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