Anna Letycia
rioecultura : EXPO Anna Letycia : Marcia Barroso do Amaral Galeria de Arte
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Abertura: 24 de setembro de 2009
Encerramento: 13 de novembro de 2009
São mais de 20 pinturas inéditas e recentes de Anna Letycia, artista mais conhecida por sua atuação como gravadora. As obras são todas pinturas sobre papel ou tela, feitas em 2008 e 2009.



Ano passado, Anna Letycia ganhou uma retrospectiva de 50 anos de gravura no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, que irá itinerar no próximo dia 06 de outubro para a Caixa Cultural em Brasília, e, ano que vem, estará no Museu Niemeyer, em Curitiba. As obras que integram essa exposição retrospectiva de gravuras foram doadas, no início de 2008, ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio.

Apesar de sua consolidada trajetória na gravura, Anna Letycia, nascida em 1929 em Teresópolis, Rio de Janeiro, retorna à pintura na exposição que marcará seu aniversário de 80 anos. Foi justamente com a pintura que ela se iniciou nas artes plásticas, quando trabalhou com Bustamonte Sá e posteriormente com Iberê Camargo, ainda no pequeno ateliê que o pintor mantinha na Lapa. “Para aceitar um aluno de pintura, Iberê fazia uma prova de desenho, porque, dizia ele, não dava aula para quem não soubesse desenhar”, lembra ela. Amiga do artista, “mudou-se de vez para a gravura” em 1954, quando ele, por concurso, se tornou professor de gravura em metal no Instituto Municipal de Belas Artes (Imba), que começou a funcionar onde hoje está instalada a ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial). Esse fato fez com que se desviasse do caminho da pintura.



Foram muito poucas as ocasiões em que Anna Letycia expôs pintura, “umas três ou quatro vezes, entre Rio e São Paulo”. Nesta mostra na Marcia Barrozo do Amaral, ao contrário de anteriores, onde usou guache, seus trabalhos são feitos com tinta acrílica sobre tela ou papel. “Gostaria de usar óleo, mas para isso precisaria de muito espaço no ateliê, por conta do cheiro”, diz. Nesses trabalhos atuais, ela desconstrói uma forma que a acompanha há décadas: os caracóis. “É um jogo com os cortes e recortes possíveis dessa forma. Com momentos de surpresas e de novos caminhos a seguir”, observa. “Antes, nos anos 1960, eram os tatus. Depois vieram os caracóis. Mas são poucos os que agora aparecem inteiros”, ressalta, apontando um deles no catálogo da mostra. “Todo o meu trabalho é ligado à terra”, afirma ela, que é vizinha e amiga da vida inteira de outro artista que também tem a terra como referência, Frans Krajcberg.

As cores quentes chamam a atenção nas pinturas, mas Anna Letycia afirma que usa pouca cor por “estar presa à gravura, onde se aprende a ser econômico com as cores, pois para cada uma é preciso uma chapa de metal”. Ela lembra rindo que Iberê Camargo uma vez a obrigou a fazer uma gravura com cinco chapas. “Eu e Mario Carneiro [cineasta recentemente falecido] éramos escravos do Iberê”, brinca. “O engraçado é quando eu fazia pintura, no começo, era colorista”.



TABLADO

Em sua trajetória, a pintura esteve presente de outra forma: a convite da amiga Maria Clara Machado, pintou muitos cenários no Tablado, trabalhando sempre com a escritora e dramaturga, desde l958, em “A Bruxinha que era Boa”, até 2000, sua última encenação, em “Jonas e a baleia”. Anna Letycia foi ainda carnavalesca da Unidos de Jacarepaguá, e fez os cenários e figurinos do extinto Baile do Pierrô, criado pela lendária Eneida.

Muito atuante nas artes plásticas, Anna Letycia esteve à frente de várias iniciativas institucionais, como a direção da Sociedade de Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente, sob orientação de Nise da Silveira, juntamente com Aloisio Magalhães, e a criação e coordenação da Oficina de Gravura do Museu do Ingá, em Niterói, l977, onde permaneceu por 22 anos. Desde a aposentadoria de seu impressor, Anna Letycia desativou o ateliê que tinha em sua casa, na Urca, e passou a usar o do Museu do Ingá.

Em l975, com Márcia Barrozo do Amaral, Aloisio Magalhães e Haroldo Barroso, criou no Rio a primeira galeria de arte dedicada à gravura e desenho. Na década de 1960, Anna Letycia ensinou gravura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em l969, passou a integrar a Comissão Nacional de Belas Artes, órgão do MEC, onde permaneceu por oito anos. Depois, participou da Comissão Nacional de Artes Plásticas da Funarte, e em l989 foi nomeada diretora do Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte.

Além de Iberê Camargo e Bustamente Sá, Anna Letycia foi aluna de Oswaldo Goeldi. André Lhote e Ivan Serpa, e muito próxima também do crítico Mario Pedrosa. “Aprender com essas figuras ímpares, e conviver com eles, sendo considerada amiga, foi um presente e uma grande oportunidade”, diz.

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O Rio&Cultura estava presente no vernissage e tirou fotos exclusivas. Leia o artigo sobre a abertura [clique aqui]

Fotos da abertura
Local:
Marcia Barroso do Amaral Galeria de Arte
Avenida Atlântica, 4240 - ssl.129
Shopping Cassino Atlântico
Copacabana
(21) 2267-3747

Funcionamento:
De 2ª a 6ª feira, das 10h às 19h
Sábado, das 14h às 17h

Ingresso:
Entrada franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.