O Lugar sem o Tempo / Taking Time from Place [Gary Hill]
rioecultura : EXPO O Lugar sem o Tempo / Taking Time from Place [Gary Hill] : Futuros - Arte e Tecnologia [Oi Futuro Flamengo]
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Abertura: 20 de julho de 2009
Encerramento: 6 de setembro de 2009
A exposição reúne quatro trabalhos realizados pelo videoartista norte-americano. "Gary Hill é um artista fundamental na história do encontro da arte e tecnologia. Suas instalações desafiaram os limites entre a poesia literária e a poesia visual", resume Marcello Dantas, curador da exposição.

Em 1964, com apenas 13 anos, Gary Hill fez com um grupo de amigos um filme.


Skaterdater ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes como Melhor Curta Metragem. Logo em seguida, foi indicado ao Oscar de Melhor Curta. "Esse filme introduziu o skate, um esporte nascente em Venice Beach, California de então, no mundo", conta o curador Marcello Dantas. Anos mais tarde, o skatista Gary Hill ganharia o Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 1995, e seria aclamado como um dos mais influentes artistas dos Estados Unidos no fim do século XX.

O Lugar sem o Tempo marca a volta do artista ao país depois de 12 anos. Em 1997 ele apresentou no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, e no Museu de Arte Moderna de São Paulo sua primeira individual no país. A exposição Gary Hill, O Lugar do Outro também teve curadoria de Marcello Dantas. "Doze anos depois o mundo mudou, a linguagem das artes mudaram e a tecnologia mudou. A pesquisa estética de Gary Hill foi ainda mais longe em questões como a imagem real e a não real, a linguagem compreensiva e a cognitiva e a interatividade ganhou uma noção bastante diferente daquela que pesquisávamos então", aponta Dantas.

No Oi Futuro, o público carioca vai ter a oportunidade de ver quatro importantes trabalhos de Gary Hill: Viewer, de 1996, Wall Piece, de 2000, Accordions [The Belsunce Recordings, Julho 2001], de 2001/2002 e Up Against Down, de 2008. Segundo o curador, as obras têm como ponto comum um olhar sobre o outro e sobre si próprio diante de uma condição contemporânea onde o tempo não é mais matéria-prima e sim substrato da arte e da situação criada por ela. "O derradeiro território de percepção que a arte pode ainda atuar hoje é o da desaceleração. Confrontar uma obra já seminal na história da arte contemporânea como Viewers, um dos destaques dessa exposição, é entender que o tempo é uma condição do espaço onde se insere", explica Dantas.

O projeto conta ainda com uma conferência com a participação de Gary Hill, no dia 21 de julho, às 19:30h, no teatro Oi Casa Grande.


SOBRE OS TRABALHOS

Viewer
, 1996


Projeção de aproximadamente 14 metros de comprimento realizada a partir de cinco vídeos projetores presos ao teto que projetam imagens coloridas em tamanho real de cerca de dezessete trabalhadores diaristas. Eles estão sobre um fundo negro, neutro, virados de frente, como se estivessem encarando o espectador. Estas dezessete imagens discretas, filmadas uma por uma e depois agrupadas em três grupos de três e dois grupos de quatro figuras, são sincronizadas e, portanto, parecem estar lado a lado, em uma linha contínua. Os homens ficam de pé quase imóveis. Seus movimentos são limitados a deslocamentos involuntários - um acidental balanço de pé para pé, uma pequena agitação nas mãos e quase imperceptíveis mudanças de expressões faciais. Não há nenhuma interação entre as imagens, cada homem fica de pé quieto, sozinho, olhando para frente, do plano de projeção em direção ao espectador.


Wall Piece, 2000


A imagem de um homem jogando-se repetidamente contra uma parede e falando uma única palavra a cada impacto é projetada em um espaço completamente escurecido. Durante a gravação, um exclusivo flash de uma luz estroboscópica extremamente forte e intensa (apenas uma fonte de luz) "captura" o corpo no momento de contato. Este singular momento foi depois editado junto formando um texto linear e uma seqüência do corpo em várias posições contra a parede. Na instalação o mesmo tipo de luz estroboscópica usada no vídeo é montada no piso e focada na projeção. Ela pisca em cerca de 60 ciclos por minuto em curso de sincronização com os flashes de luz da projeção. Às vezes, a luz prenuncia a imagem, ecoa a imagem, ou quando em união, a obscurece.

Accordions [The Belsunce Recordings, Julho 2001), 2001/2002


Gravado na pequena vizinhança argelina de Belsunce, situada no coração de Marseille, Accordions constrói um retrato da vida a partir das atividades das ruas do bairro. O trabalho consiste em cinco projeções de vídeo não-sincronizadas, com som. Cada uma delas foi editada com segmentos de preto/silêncio de duração variável, para criar uma vibrante e rítmica série de imagens e sons. No curso de cada seqüência do vídeo, pessoas em particular captam a atenção da câmera, que se comporta como se fizesse um zoom lento sobre o assunto. O imaginário é interrompido por longos e longos períodos de preto. A cena é a tal ponto vagarosa que quase chega a ser fotográfica.

Up Against Down, 2008


O trabalho consiste em uma série de imagens projetadas de várias partes do corpo do artista, forçando, pressionando ou empurrando contra um espaço aparentemente infinito, puramente um espaço preto. Reflexos muito breves de partes do corpo são visíveis, mas a profundidade e a composição do espaço permanecem ambíguas. Conforme o corpo é pressionado contra uma superfície indefinida, ondas em baixa freqüência, com suas sub-harmônicas, são ouvidas, e a mudança de tensão da força da pressão do corpo modula as ondas de som semelhante a uma espécie de sombra de percussão primal.


SOBRE O ARTISTA

Gary Hill nasceu em 1951, em Santa Monica, na Califórnia, e atualmente vive e trabalha em Seattle, em Washington. Considerado um dos mais importantes artistas contemporâneos a explorar as possibilidades da tecnologia, é referência histórica para a videoarte. Escultor por formação, Hill realizou as primeiras experiências com vídeo no Woodstock Comunity Video, em Nova Iorque, no princípio dos anos 70. Desde então, tem produzido um conjunto importante de obras de videoarte e vídeoinstalações que inclui alguns dos trabalhos mais significativos neste campo. Gary Hill sempre entendeu o trabalho videográfico como um modo de "pensar em voz alta" e costuma dizer que esse veículo eletrônico lhe permite, melhor do que qualquer outro, modelar os processos da consciência humana.

Suas instalações e performances já foram vistas nos mais importantes museus do mundo, como a Fundação Cartier (Paris), Centre Georges Pompidou (Paris), Museu Guggenheim (Nova York) e Museu de Arte Contemporânea de Barcelona. Ao longo de sua carreira, recebeu bolsas de apoio à produção, como das fundações Rockefeller e Guggenheim. Entre os prêmios recebidos está o Leão de Ouro em Escultura na Bienal de Veneza de 1995, o John D. and Catherine T. MacArthur Foundation Grant em 1998, e o Kurt Schwitters Award em 2000.

Fotos da abertura da exposição [20.07.09]
Local:
Futuros - Arte e Tecnologia [Oi Futuro Flamengo]
Rua Dois de Dezembro, 63
Flamengo
(21) 3131-3060

Funcionamento:
De 3ª a domingo, das 11h às 20h

Ingresso:
Entrada franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.