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Abertura: 21 de maio de 2009 |
Encerramento: 25 de julho de 2009 |
São 46 obras da artista, entre gravuras, monotipias e pinturas, com destaque para a instalação Escapulários, composta de 160 xilogravuras bordadas, e para Sudário, o óleo sobre lona em grande formato, resultado de quase uma década de pesquisa e trabalho.
Tecnicamente, a gravura de Célia Shalders é espartana: apenas maneira-negra e ponta-seca, com esporádicos recursos ao buril. A primeira sedução desse trabalho é precisamente o fato de atingir sua intensidade discursiva operando com esse exíguo vocabulário.
Enquanto fábula, esse discurso é envolvente a partir de dois fatores: o primeiro deles é a fidelidade a um mesmo eixo metafórico que, descontadas as pequenas variações devidas à evolução do estilo, permanece desde os primórdios da obra. O segundo dos elementos dessa envolvência é uma intimidade muito profunda com o arquetípico e o simbólico, produzindo algo que depassa a própria natureza do expressionismo para tangenciar o mistério em estado puro, como no art-brut.
E nenhum tratamento vestiria melhor essa sombria poética que a maneira-negra com suas opacidades densas, aqui cortadas por um desenho incongruente e caótico que respira absurdo e tragédia.
Essa fabulação feroz de personagens aprisionados em prismas cuja transparência nos permite ler sua agonia, a artista a repete desde sua aparição no Salão Nacional em 66, ano em que, muito jovem, seria premiada noutro Salão, o de Campinas. Passando por 74, quando ganha no mesmo Salão Nacional, o cobiçado Prêmio de Viagem, é a mesma fábula de danação que ela leva para a Itália, quando, em 76, representa o Brasil no Prêmio Internacional de Biella para a Gravura, como o fizera três anos antes, na Bienal de Paris, no contexto de um denso estudo monográfico de Antônio Bento. Na ocasião, aliás, não somente aquele, como outros mestres - Flávio de Aquino, José Roberto Texeira Leite, Roberto Pontual, Francisco Bittencourt - debruçam-se sobre o mistério dessa obra, unânimes em salientar seu despojamento impactante como uma das mais poderosas linguagens da gravura brasileira de então. E todos assinalam a
densa carga de estranhamento que aquele trabalho aporta ao repertório desta.
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Local:
H. Rocha Galeria de Arte
Shopping Cassino Atlântico Avenida Atlântica, 4240, loja 333, 3º piso
Copacabana
(21) 8582-0008
Funcionamento:
De 3ª feira a sábado, das 14h às 19h
Ingresso:
Entrada franca
Atenção: os horários
e a programação podem ser alterados pelo
local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável
confirmar as informações por telefone antes
de sair. |
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