Corpo-Imagem
rioecultura : EXPO Corpo-Imagem : Galeria Tempo
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Abertura: 18 de junho de 2009
Encerramento: 29 de agosto de 2009
Integrando a programação da FotoRio2009, são 30 fotografias – individuais, em dípticos e polípticos – e um vídeo que retratam o corpo, com interpretações diversas.

“A mostra ressalta a representação do corpo, não tem um caráter necessariamente erótico”, afirma Márcia Mello, sócia da Galeria Tempo ao lado de Georgianna Basto e Carolina Dias Leite. “O registro do corpo humano é recorrente em nossa cultura, desde as paredes das cavernas até as imagens fotográficas, impressas com pigmentos ou metais, tais como a prata”, observa. “A mostra traz a diversidade de possibilidades na abordagem do tema: o corpo fragmentado, multiplicado, erotizado, desfocado, refletido, recusado, simbolizado no outro ou auto-representado”.

Os trabalhos são de 13 artistas representados pela Galeria, dez brasileiros, e três estrangeiros: André Arruda, Antonio Saggese, Christian Cravo, Felix Richter, Mauro Fainguelernt, Michel Groisman & Sung Pyo Hong, Milan Alram, Patricia Gouvêa, Paula Trope, Thiago Barros, Bert Stern, Marc Riboud e Pat Kurs.

ARTISTAS E OBRAS

:: Brasileiros ::

André Arruda (Rio de Janeiro, 1967)
André Arruda apresenta três fotografias (“braço”, “brinco”, “corpo”) feitas em 2006, da série “Fortia Femina”, em que retrata mulheres fisiculturistas. Pesquisa iniciada em 2004, e com a última sessão feita recentemente, o fotógrafo relata que inicialmente foi “atraído pelo ineditismo desses corpos”, mas ao mesmo tempo queria fazer uma pesquisa de luz, “buscando ressaltar determinadas nuances, e deixar muitas áreas marcadas pela sombra”. “Sempre busquei a feminilidade das atletas, que esculpem seus corpos com uma estética provocativa, e, ao mesmo tempo, feminina”. Outro interesse do fotógrafo é o contraste entre aceitação e preconceito desses corpos hipermusculares, que gerou o conceito entre luz e sombra que define o ensaio. Ele utiliza câmeras digitais e fundo branco, inspirado nas ilustrações dos mapas anatômicos da medicina vitoriana e nas aquarelas de Margaret Mee. “O fundo branco fornece a leveza de suporte que contrasta com a aparente brutalidade desses corpos”.

Antonio Saggese (São Paulo, 1950)
Com o trabalho “Nu II”, de 1985, o fotógrafo explora a sensualidade do corpo feminino, em preto-e-branco.

Christian Cravo (Salvador, 1974)
Das três fotografias apresentadas, duas são do livro "Rome noire" (“Roma negra”), editado na França em 2005, com fotos da “Bahia negra” (“torso”, “pés na areia”). A outra imagem (pés de Cristo com mão de fiéis), de 1998, integra seu primeiro livro, de 2000, com imagens que retratam a fé no sertão brasileiro. O prefácio é de Walter Salles “O que me interessa é o homem e seu ambiente. Trabalho dentro de temas predefinidos, como, por exemplo, a fé, mas sempre com o foco na natureza humana”. Ele usa filme em p&b, e seu trabalho não tem nenhum tipo de manipulação digital. Atualmente, o fotógrafo desenvolve a pesquisa “Jardins do Éden”, no Haiti, país que possui como “a expressão máxima da essência humana”. “Estamos falando de uma sociedade com características muito particulares, intensamente espiritualizada, repleta de simbologias, onde a falta de pudor do povo se apresenta por meio de elementos de grande pureza”.

Felix Richter (Rio de Janeiro, 1975)
As três fotos (“Pedro” e duas “Sem Título”) são da série “Hades”, de 2007, feita com Rolleiflex, e filtro vermelho. O processo C-Print permite a captação em negativo e revelação analógica tradicional. Hades, o deus grego das profundezas e do pós-morte. Ao contrário da mitologia grega, onde Hades não habitava o mundo dos vivos, o fotógrafo insinua o avanço de Hades para os domínios de Zeus, o céu. Atualmente Felix Richter trabalha a série “Heaven”.

Mauro Fainguelernt (Rio de Janeiro, 1962)
O artista apresenta cinco fotografias da série “Jardim das Delícias”, iniciada em 2007. Impressas em acetato, as fotografias foram feitas a partir de negativos em vidro, da virada do século 19 para o 20, com imagens eróticas, provavelmente oriundos da França. Utiliza espelhos, transparências e projeções, criando um resultado que lembra o daguerreótipo. “A sexualidade é um ponto de liberdade, que vai se perdendo com a vulgarização na mídia. Meu trabalho questiona essa banalização”. “Trabalho o corpo como origem da liberdade e do ato criativo, comum a toda humanidade”.

Michel Groisman (Rio de Janeiro, 1972) & Sung Pyo Hong (Seul, Coreia do Sul, 1968)
A dupla de artistas mostra um políptico com quatro fotografias de 2007, da série “Porta das Mãos”. O trabalho foi iniciado em 2004 por Michel, performer e artista plástico, que investigava "formas e movimentos possíveis com as suas próprias mãos sem jamais desencostar uma mão da outra”. Dois anos depois, em 2006, ele convidou o fotógrafo Sung Pyo Hong para registrar o trabalho, e este desenvolveu toda uma poética a partir daí, "com o cinza prateado e infinito, o cinza etéreo”. Sung fez ainda as ampliações e projetou as molduras. Esta série foi exposta nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e da Bahia, e no Museu de Arte Contemporânea de Niterói.

Patricia Gouvêa (Rio de Janeiro, 1973)
A artista mostra quatro fotografias em papel de algodão e o vídeo "La Petite Mort" (2006-2008), ambos da série “Corpo Significante”, iniciada em 2005. A série integra uma pesquisa sobre o tempo. “Meu interesse é perceber como o tempo se materializa na imagem, seja ela fixa ou em movimento”. Ela vai lançar ainda este ano o livro “Membranas de Luz: os tempos na imagem contemporânea (Azougue Editorial), fruto do mestrado em Tecnologias da Comunicação e Estéticas da Imagem (ECO/UFRJ). “Me interessa uma discussão sobre como o tempo está presente em diferentes partes dos corpos, daí os títulos dos trabalhos serem Colo#1, Peito #1, Mãos #1 e Mãos #2. Cada corpo possui uma geografia, como um mapa, uma constelação. As fotos foram colocadas na ordem da pessoa mais nova pra pessoa mais idosa. O vídeo “La petite mort” apresenta as costas nuas de uma mulher e de um homem, quase tocadas por mãos que permanecem, no entanto, na fronteira do encontro.

Thiago Barros (Niterói, 1979)
Os dois trabalhos datam de 2004 e são inéditos. Integram a série "Intimidade", iniciada em 2000 “como um simples estudo sobre o corpo nu, e tornou-se um trabalho mais elaborado sobre o comportamento do indivíduo na intimidade com uma ótica voyerista”. O artista trabalha com câmeras analógicas, filmes em negativo, e “90% é em preto e branco”, como é o caso dessa mostra. Sua opção por essa técnica decorre da atuação como laboratorista, e “faz com que todas as partes do processo sejam feitas e controladas por mim: da captura da imagem até a impressão fotográfica”. “Dessa forma posso controlar e decidir detalhes como o nível de granulação, contraste, densidade e tonalidade das minhas imagens antes mesmo delas existirem”.

Paula Trope (Rio de Janeiro, 1962)
Formada em Cinema pela UFF e em Técnicas e Poéticas em Imagem e Som pela USP, ela mostra o díptico “Auto-retrato #2“, de 1989, com uma imagem em diapositivo e outra em negativo do corpo de uma mulher. Mantém em seu trabalho uma postura crítica em relação à própria câmera e à prática artística. Já realizou diversas exposições individuais e coletivas, em cidades como Rio de Janeiro, Nova Iorque, Varsóvia, Veneza, São Paulo, Madri, Frankfurt e Havana.

:: Estrangeiros ::

Bert Stern (EUA, 1929)
As duas fotografias “Cross-Close” e “BW” são da famosa série “The Complete Last Sitting”, em que Stern clicou Marilyn Monroe dois meses antes de sua morte, em 1962. Sua carreira teve início na publicidade dos anos 1950, enveredando a seguir para a moda, onde se consagrou. Sua grande façanha, entretanto, é esta série, em MM que posou seminua, ou coberta por um diáfano lenço. As fotos eram inicialmente para um editorial de moda para a revista Vogue, mas acabou virando um ensaio revelador e único, publicado no livro “The Complete Last Sitting” (Schrimer/Mosel).

Marc Riboud (Lyon, França, 1923)
Será mostrada a foto “Prague”, de 1981. Dos anos 1950 aos dias de hoje, Riboud capturou imagens da China, União Soviética, Vietnam, Oriente médio, África e Europa. Foi vice-presidente da agência Magnum na Europa em 1959, e é autor de 16 livros de fotografia.

Milan Alram (Paris, França, 1926)
Duas fotografias da série “Rio Antigo”, uma delas a clássica Helô Pinheiro como Garota de Ipanema, dão ao público uma mostra do trabalho desse fotógrafo, que chegou ao Brasil com 12 anos. Sua carreira começou na publicidade, sendo um dos mais requisitados para reprodução de produtos. Há décadas, seu trabalho autoral consiste em sair às ruas do Rio atrás de ângulos despercebidos, ou ainda de registrar a beleza da mulher brasileira, em que deixou para a posteridade Martha Rocha, Tônia Carrero, Norma Bengell e Helô Pinheiro.

Pat Kurs (Nova York, EUA)
Da artista serão exibidas duas fotografias da famosa série “XX Rated Dolls”, da década de 1970, feitas com Polaroid. Pat foi uma famosa stylist estrelas de Hollywood, e ainda colaborou com grandes fotógrafos, como Richard Avedon, Patrick Demarchelier, Bert Stern e acima de todos Helmut Newton, com quem ela firmou a maior parceria de todas, tornando-se uma grande amiga e fonte de inspiração.
Local:
Galeria Tempo
Avenida Atlântica, 1782 - loja E
Copacabana
(21) 2255-4586

Funcionamento:
De 3ª a 6ª feira, das 12h às 19h
Sábado, das 14h às 18h

Ingresso:
Entrada franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.