A fotógrafa Ana Branco exibe a projeção de fotos Instinto Imediato – a China vista através de um celular, reunindo 57 imagens feitas com celular durante sua viagem ao país.
“O projeto nasceu quando comprei meu primeiro celular com câmera. Fiquei fascinada com a idéia de fotografar com aquele pequeno aparelho, tão levinho e com uma linguagem tão diferente do meu dia-a-dia”, explica Ana.
Munida de uma nova mídia, Ana foi em busca das imagens únicas, mesmo com algumas ressalvas dos amigos. “Muitos me disseram que não era tão fácil fotografar na China. Um país com um povo reprimido que pode até acreditar em suas tradições, mas que parece querer esconder dos turistas seus hábitos muitas vezes estranhos para nós, ocidentais”, afirma.
As fotos de Ana, feitas no sudoeste da China, são em sua maioria preto e branco e, segundo o curador Pedro Agilson, “em várias delas encontramos uma certa similaridade com registros de fotógrafos viajantes de meados do século 19. Algo suspenso no tempo. Só que visto através de um celular”.
Com curadoria de Pedro Agilson, a expofoto Instinto Imediato – a China vista através de um celular também poderá ser vista na Galeria Virtual no site do Oi Futuro, no endereço: www.oifuturo.org.br/expofoto
SOBRE ANA BRANCO
Formada em Economia, Ana trabalhou por oito anos na profissão. Abandonou a carreira de economista para estudar Belas Artes e encontrou na fotografia seu meio de expressão. Há 16 anos, trabalha no jornal O Globo.
Instinto Imediato, por Marcia Foletto
A revolução digital vem se instalando na fotografia de forma inevitável e irreversível. A multiplicação de equipamentos digitais de tamanho reduzido e seu óbvio cruzamento com telefones celulares transformaram cada pessoa em um olho digital. Milhares de milhões de bytes armazenados em fotografias pelo mundo todo presumem entender e registrar cada milímetro e cada pessoa do planeta. Várias vezes.
A fotógrafa Ana Branco nos mostra que com qualquer ferramenta é possível produzir arte. Abandonando o pesado equipamento profissional e usando somente seu celular, Ana visitou o país das últimas Olimpíadas. Ela nos propõe aqui uma espécie de minimalismo digital, onde o resultado supera o método.
Hoje a China como um todo, e em especial o seu interior, é um local político e culturalmente ainda muito fechado. As pessoas e o governo estão dando os primeiros passos nas relações com o ocidente e se mostram ainda tímidos, preocupados exatamente com a imagem que está sendo levada para fora.
Nesse quadro, a escolha de Ana pelo celular permitiu grande fluidez entre as pessoas e situações do dia-a-dia. Entre os comerciantes do Mercado de Baisha ou fotografando os camponeses às margens do Rio Yulong, o celular foi um objeto divertido que ajudou a transformar a ansiedade frente ao equipamento profissional em naturalidade e descontração.
A qualidade deste ensaio é a tradução da arte de Ana Branco. As belas fotos transmitem emoção e intensidade. Para mim, que acompanhei o processo desse ensaio, posso afirmar que é um daqueles momentos da vida onde "menos foi mais".
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